Fecho do canal que liga a Lagoa de Óbidos ao mar obriga a nova intervenção

por Lusa

Caldas da Rainha, Leiria, 14 mai (Lusa) - As câmaras das Caldas da Rainha e Óbidos iniciaram hoje uma intervenção para reabrir a embocadura que liga a Lagoa de Óbidos ao mar e evitar a morte de peixes e bivalves.

A intervenção iniciada hoje na praia da Foz do Arelho visa, numa primeira fase, "repor a água [salgada] dentro da Lagoa" e "redefinir um novo local para a `aberta` [canal que liga a Lagoa ao mar], cerca de 40 metros a norte" do local agora assoreado, disse à Lusa o presidente da câmara de Óbidos, Humberto Marques.

A obra surge na sequência das preocupações manifestadas por duas dezenas e meia de mariscadores e pescadores da Lagoa de Óbidos, que, no início de maio, se concentraram na Foz do Arelho exigindo medidas urgentes para a reduzida ligação da lagoa ao mar, que alegavam estar a causar a morte do marisco.

A `aberta`, acabou por "fechar totalmente na sexta-feira", segundo o presidente da junta de freguesia da Foz do Arelho, o que levou à realização de uma reunião de emergência entre a Agência Portuguesa do Ambiente (APA), que tutela aquele ecossistema, as duas câmaras e as quatro freguesias ribeirinhas banhadas pela lagoa.

A APA "reconheceu a emergência da intervenção" e delegou nas duas Câmaras a intervenção que está a ser feita com recurso uma giratória, dois dumpers e uma máquina de arrasto, cedidas pelas autarquias.

A prioridade é, para já, rebaixar os bancos de areia que impedem a passagem da água do mar "para que haja renovação da água" e a sua acumulação em "quantidade e força [corrente] para rasgar um novo canal", explicou o presidente da Junta de Freguesia da Foz do Orelho, Fernando Sousa.

A conclusão da intervenção "dependerá da janela de oportunidade" que conjugará as marés e a força da corrente para reabrir o canal, o que, segundo Humberto Marques, "poderá acontecer na sexta-feira".

Caso a maré não se revele propícia, a reabertura do canal será adiada, mas "deverá ocorrer a qualquer altura, num prazo de duas semanas", estimou o presidente da Câmara de Óbidos.

A Lusa tentou, sem sucesso, obter mais esclarecimentos junto da APA.

O fecho da aberta é uma situação recorrente na lagoa, onde o ano passado foi efetuada a primeira fase de um projeto de dragagens, divido em duas fases.

A primeira fase, que contemplava a retirada de 650 mil metros cúbicos de areia do leito da lagoa, terminou em fevereiro do ano passado.

A segunda fase de dragagens da Lagoa de Óbidos, visando a retirada de mais 750 metros cúbicos de areia, está prevista para arrancar em outubro deste ano, no âmbito de um concurso financiado pelo POSEUR - Programa Operacional Sustentabilidade e Eficiência no Uso de Recursos - para as lagoas costeiras.

A Lagoa de Óbidos é o sistema lagunar costeiro mais extenso da costa portuguesa, com uma área total aproximada de 6,9km2 onde recorrentemente é necessário intervir para evitar o assoreamento.

Para evitar a morte de bivalves e garantir a continuidade daquele ecossistema foram efetuadas dragagens desde 1995, a maior das quais entre o final de 2011 e início de 2012, período em que foram dragados dois milhões de metros cúbicos de areia.

O projeto de dragagens atualmente em curso previa, na primeira e na segunda fase, a dragagem de 1,5 milhões de metros cúbicos de areia, mas a APA admitiu nas reuniões da comissão que no final das duas fases o valor total seja superior.

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