A autorização para os herbicidas com glifosato tem por base “provas científicas”, insistiu esta segunda-feira a Comissão Europeia, fazendo notar que os países podem proibir a sua utilização. Bruxelas “não comenta”, por outro lado, o caso do jardineiro norte-americano, vítimas de cancro, que venceu uma batalha jurídica, tendo a gigante agroquímica Monsanto sido condenada a pagar 253 milhões de euros.
A marca Roundup e a versão profissional RangerPro, produzida pela Monsanto, contêm glifosato, uma substância que se suspeita ser cancerígena. No entanto, o gigante agroquímico sempre negou os efeitos nefastos e o jardineiro só deu conta de que algo errado se passava quando apareceram manchas na pele, após se ter pulverizado com o produto por acidente.
Instada a comentar a decisão judicial da passada sexta-feira, a Comissão Europeia “não comenta”, mas explica que a autorização por cinco para a autorização de herbicidas com glifosato “está baseada em provas científicas”.
Reação idêntica teve a farmacêutica Bayer, detentora da Monsanto, na sequência da sentença, ao advogar que o glifosato “é seguro e não cancerígeno”, uma garantia que resulta de “provas científicas, sujeitas a exames regulares à escala mundial” e de “dezenas de experiências práticas de utilização”.
"Provável" substância cancerígena
A Comissão Europeia nota que os países-membros têm liberdade de proibir a utilização de glifosato. "Uma coisa é o debate político e outra as nossas ações como instituição, e atuamos já em dezembro, com a nossa recomendação baseada nos votos dos Estados membros e nas nossas agências científicas", declarou a porta-voz Anna-Kaisa Itkonen.
O Parlamento Europeu tinha defendido a proibição do glifosato na UE a partir de 2022, com restrições até essa data, em oposição à proposta da Comissão para renovar a licença do herbicida.
O glifosato é utilizado para eliminar ervas daninhas nos jardins e ruas de localidade. A sua utilização divide ambientalistas, consumidores e indústria, com os últimos a garantir a segurança do produto e os primeiros a acusar danos cancerígenos.
Segundo a Organização Mundial de Saúde, o glifosato afeta o sistema endócrino e é uma "provável" substância cancerígena. A opinião não é partilhada pelas autoridades científicas europeias e de países como Estados Unidos, Canadá, Austrália, Nova Zelândia e Japão.
A Monsanto já anunciou que vai “recorrer da decisão” e “defender firmemente este produto que tem uma história de 40 anos de uso seguro e continua a ser uma ferramenta vital, efetiva e segura para os agricultores e outros utilizadores".
c/ Lusa