Na abertura da Cimeira da Ação Climática para a Juventude, evento que antecede a reunião de chefes de Estado e de Governo com início na próxima segunda-feira, o secretário-geral das Nações Unidas sustentou que “não faz sentido” que o dinheiro dos contribuintes “seja usado para provocar furacões, branquear corais ou destruir comunidades”. Em Nova Iorque, António Guterres quis apontar holofotes para o que descreveu como um “sério conflito entre pessoas e natureza”.
O atual “conflito entre pessoas e natureza”, acentuou António Guterres, “pode ser absolutamente destrutivo para o futuro das comunidades e das sociedades”.
A resposta aos atuais desafios, ainda segundo Guterres, poderia passar por uma estratégia win-win que harmonizasse a ação climática, uma globalização mais justa, a denominada Agenda 2030 e as metas de desenvolvimento sustentável.
Num contexto de afastamento dos Estados Unidos dos objetivos de Paris, pela mão da Administração Trump, António Guterres chamou a atenção para o papel da juventude no diálogo internacional sobre as alterações climáticas, nos últimos dois anos.
“Esta alteração no impulso foi, em grande parte, devido à vossa iniciativa e coragem com que começaram o movimento e transformaram, de um pequeno movimento em frente a um Parlamento, em milhões de todo o mundo dizerem que não querem apenas que os políticos alterem o comportamento, mas que sejam também responsabilizados”, afirmou o secretário-geral da ONU diante dos participantes na Cimeira da Ação Climática para a Juventude.
“Cada vez mais, responsabilizem mais a minha geração. A minha geração tem fracassado, até agora, em preservar a justiça no mundo e em preservar o planeta”, reconheceu o antigo primeiro-ministro português.
“A crise política da nossa época”
O secretário-geral das Nações Unidas falou após as intervenções de quatro ativistas, entre os quais a sueca Greta Thunberg, de 16 anos, que clamou que “os jovens não poderão ser travados”. Mas foi o discurso de Bruno Rodríguez, argentino de 19 anos, a oferecer o tom para a reunião deste sábado.
“O clima e a crise ecológica são a crise política da nossa época”, lançou, para acrescentar: “Só ouvimos dizer que a nossa geração deverá resolver os problemas criados pelos atuais dirigentes, mas não vamos esperar passivamente que nos tornemos nesse futuro”.
“Chegou o momento de sermos nós os líderes”, propugnou Rodríguez.
Tem início na próxima segunda-feira uma cimeira especial dedicada às alterações climáticas convocada por António Guterres. São esperadas intervenções de seis dezenas de chefes de Estado e de governo na sede da ONU, em Nova Iorque.
“Estamos sempre prestes a perder a corrida. Continuamos a subvencionar energias fósseis e ainda há centrais a carvão. Mas a dinâmica está a mudar”, vaticinou o secretário-geral.
c/ agências
Tópicos