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Humanidade esgotou recursos naturais disponíveis para este ano

por RTP
Reuters - Phil Noble

A organização internacional Global Footprint Network anunciou, esta segunda-feira, que foi atingido o limite do uso sustentável de recursos naturais disponíveis para este ano. A partir de agora, a humanidade vai viver a crédito ambiental e consumir mais do que a natureza consegue produzir.

"Atualmente, considerando a média mundial, estamos a consumir cerca de 1,75 planetas com a nossa voracidade de produção e consumo. A sobrecarga só é possível porque estamos a esgotar o capital natural da Terra, o que põe em causa o futuro da humanidade", lê-se num comunicado da organização internacional Global Footprint Network.

"Estamos a esgotar os recursos renováveis que a Terra nos dá e depois temos de ir aos recursos não renováveis como, por exemplo, os combustíveis fósseis", esclareceu Francisco Ferreira, presidente da ZERO - Associação Sistema Terrestre.

A tendência tem sido a de acionar o cartão de crédito ambiental cada vez mais cedo. Em 1979, o dia de ultrapassagem ocorreu no início de novembro. Há 20 anos, a fatídica data foi a 29 de setembro, dois meses antes do previsto. Este ano, o recorde foi novamente quebrado. O Dia de Sobrecarga da Terra passou a ser a data mais recuada de sempre desde que o planeta entrou em défice ecológico no início dos anos 70.

“Todos os anos é apresentada uma estimativa sobre o dia em que a humanidade atinge o limite do uso sustentável de recursos naturais disponíveis para esse ano, ou seja, o orçamento natural, habitualmente designado como Overshoot Day [Dia de Sobrecarga da Terra]”, afirmou a associação ambientalista ZERO.

De acordo com os dados da organização internacional de sustentabilidade, Global Footprint Network - pioneira na Pegada Ecológica, esta segunda-feira, a humanidade esgotou o orçamento de recursos naturais para o resto do ano.

“Num mundo onde persiste uma enorme desigualdade em termos de distribuição de rendimentos e acesso a recursos naturais, estes dados são claros sobre a necessidade de se produzir e consumir de forma muito diferente”, lê-se num comunicado da ZERO.2,5 planetas para se viver como um português

“Se todos os países tivessem a mesma pegada ecológica que o país seriam necessários 2,5 planetas”, revelou ainda a ZERO.

Este ano, Portugal esgotou os recursos naturais disponíveis 21 dias mais cedo.

Por isso, embora não faça parte do quadro mais alarmante “é um contribuinte ativo para esta situação”, acrescentou a associação.

No entanto, o cenário agrava-se quando se pensa na forma como os Estados Unidos consomem o planeta. Para alimentar este país, atualmente são necessários cinco planetas Terra para equivaler apenas a um ano de consumo. Se a humanidade decidir viver em sintonia com a população russa, vão ser necessários 3,2 planetas para satisfazer esta vontade.

Este método de cálculo – com base nos dados cedidos pelas Nações Unidas – pode ser calculado através da "contabilidade exata do uso e capacidade regenerativa dos recursos ecológicos de mais de 200 países e regiões de 1951 até aos dias atuais".

Com estes números, a organização internacional Global Footprint Network determina, posteriormente, como deve evoluir a economia mundial para que esta consiga respeitar os limites ecológicos da Terra.Como salvar o planeta


"Viver dentro dos meios do nosso planeta é tecnologicamente possível, financeiramente benéfico e a nossa única chance de um futuro próspero", referiu, no ano passado, o CEO da Global Footprint Network, Mathis Wackernagel.

O cenário pode parecer negativo, mas nem tudo está perdido. Para o planeta ser salvo, vai ser necessário adiar o Dia de Sobrecarga da Terra, cinco dias por ano, até 2050.

Por outro lado, para reduzir a utilização do plástico parece não ser suficiente.

“A substituição de 50% do consumo de carne por comida vegetariana mudaria a data em 15 dias [dez dias para a redução das emissões de metano somente da pecuária]”, revelou a Global Footprint Network.

“Reduzir o componente de carbono da Pegada Ecológica Global em 50% mudaria a data 93 dias”, acrescentou a organização internacional.

As medidas para inverter esta tendência também podem implicar a adoção de “novas práticas” e uma reestruturação da alimentação a nível mundial: consumir menos peixe, derrubar menos árvores, reduzir consideravelmente a área de cultivo.

Uma dieta alimentar “saudável e sustentável”, através da “redução do consumo de proteína de origem animal e um aumento significativo do consumo hortícolas, frutas e leguminosas secas”, pode ser mais uma solução para ajudar a prosperar dentro dos limites do planeta.

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