Madrid recua na proibição de carros poluentes no centro e protestos arrancam

por RTP
Protestos contra a decisão do PP, em Madrid Juan Medina - Reuters

O novo presidente da Câmara de Madrid suspendeu o programa adotado pelo anterior executivo que proibia a circulação de automóveis poluentes no centro da cidade. Já milhares de pessoas saíram às ruas em protesto contra a decisão.

Após a vitória nas eleições de 26 de maio, o PP formou um executivo camarário de coligação com o Cidadãos e com o apoio do Vox, de extrema-direita. Martínez-Almeida prometeu reverter as políticas de Manuela Carmena, anterior Presidente da Câmara de Madrid - e assim o fez em matéria ambiental, numa altura em que a Europa aparenta estar mais empenhada na limpeza do ar das suas cidades e no combate à crise climática .

Em outubro de 2018, o executivo de Carmena aprovou uma medida que entraria em vigor no mês seguinte. O programa intitulado de "Madrid Central" previa criar zonas de baixas emissões com uma área de 472 hectares, no centro da cidade, proibindo a circulação de veículos a gasolina antes de 2000 e a diesel antes de 2006.  Em Portugal, Lisboa foi a primeira cidade a restringir a circulação de carros anteriores a 1992.

A transgressão destes preceitos implicava uma multa de 90 euros e as exceções incluíam residentes, veículos de emergência, táxis, carrinhas de entrega, pessoas com mobilidade reduzida e veículos elétricos. 

O programa visava reduzir até 23 por cento dos níveis de emissão de gases com efeito de estufa e, em última instância, melhorar a qualidade de vida dos madrilenos.

A reversão da medida já somou críticas.

Teresa Ribera, atual Ministra da Transição Ecológica de Espanha, disse ao Guardian que o aumento de emissões de gases de efeito de estuda poderá levar a multas pela União Europeia: "Alguns dos candidatos à Câmara cometeram um erro ao pensarem que esta era uma medida ideológica, quando foi uma medida introduzida para estar de acordo com as necessidades e valores das pessoas e as quais estão em conformidade com as obrigações europeias relativamente à saúde pública e à qualidade do ar".

E acrescenta que "os argumentos físicos, legais, científicos e de saúde são tão avassaladores que não há forma de reverter a iniciativa de Manuela Carmena".

Por outro  lado, de acordo com a Agência espanhola EFE, é "absolutamente imoral" reverter um programa numa região em que o ar contaminado causa cerca de três mil mortes prematuras por ano.

Porém, Isabel Díaz Ayuso, porta-voz do PP em Madrid, afirmou que o programa era "um fracasso", que o trânsito era "parte da vida em Madrid" e "um sinal da identidade da nossa cidade, que as ruas estão sempre vivas".
Protestos e petição

Milhares de pessoas protestaram, no último domingo, contra a revogação da iniciativa pelas ruas da capital espanhola, num dia em que a onda de calor se fazia sentir. Estiveram também presentes grupos ambientalistas e forças políticas.

No mês passado, mais de 200 mil pessoas assinaram uma petição para proteger o programa Madrid Central, alegando a redução recorde de níveis de dióxido de nitrogénio – 48 por cento. 

Martínez-Almeida já se pronunciou acerca dos protestos. "Recomendo à esquerda que se tranquilize e nos deixe trabalhar, que aceitem o resultado das urnas e o mandato democrático".


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