Portugal está a consumir mais água do que deve

por RTP
A quantidade de água armazenada desceu em setembro em todas as bacias hidrográficas José Manuel Ribeiro - Reuters

Portugal continua a consumir mais água do que devia, pondo em risco a adaptação às alterações climáticas, alerta um relatório da organização ambientalista ANP/WWF. O aviso chega no Dia Nacional da Água e numa altura em que a quantidade de água armazenada desceu em todas as bacias hidrográficas.

No relatório sobre a "Vulnerabilidade de Portugal à Seca e Escassez", a ANP/WWF frisa que os ecossistemas aquáticos saudáveis são os melhores aliados para enfrentar o aumento das temperaturas e menos chuvas, pelo que preservá-los deve ser "uma prioridade".
A Associação Natureza Portugal (ANP) é uma organização não-governamental portuguesa que trabalha em associação com a internacional World Wide Fund for Nature (WWF). 

Chama ainda a atenção para as crescentes "situações estruturais de escassez" de água, especialmente no sul do país. Cenário que pode agravar-se.

O país não pode gerir a falta de água com reações a emergências quando há secas, mas tem de se focar na redução de consumos e aumento da eficiência no uso da água, frisa a ANP/WWF, salientando que "conservar e reabilitar ecossistemas aquáticos saudáveis é a primeira arma de defesa contra os impactos das alterações climáticas".

No relatório, a associação propõe que os empresários integrem a gestão da água na cadeia de valor da empresa e que diversifiquem os abastecimentos, incluindo reutilização de águas residuais.

Aos decisores políticos sugere que também diversifiquem as origens de abastecimento, fomentem a eficiência de regadios e condicionem a atribuição de subsídios agrícolas ao bom uso da água. E aos cidadãos que reduzam os consumos em permanência e optem por consumir produtos de reduzida pegada hídrica.
Gestão preventiva na Península Ibérica
A ANP/WWF, em conjunto com a WWF de Espanha, divulgam também esta terça-feira um comunicado conjunto no qual reforçam que os governos da Península Ibérica devem adotar "uma gestão preventiva das secas", em detrimento da atual "gestão reativa baseada em medidas urgentes e isenções excecionais".

Pedro Oliveira Pinto, Teresa Marques, José Carrilho - RTP

As duas organizações salientam a necessidade de se apoiar uma cultura de poupança e uso eficiente da água que se estenda a todos os utilizadores.
Armazenamento desceu em setembro
A quantidade de água armazenada desceu em setembro em todas as bacias hidrográficas, tal como já tinha sucedido em agosto, segundo dados do Sistema Nacional de Informação de Recursos Hídricos (SNIRH).

No último dia do mês de setembro e comparativamente ao último dia do mês anterior, verificou-se uma descida do volume armazenado de água em todas as bacias monitorizadas pela Associação Portuguesa Ambiente.

Das 59 albufeiras monitorizadas, 26 apresentaram disponibilidades hídricas inferiores a 40 por cento do volume total e quatro superiores a 80 por cento.

A bacia do Sado (28,1 por cento) era a que apresentava no final de setembro menor disponibilidade de água, seguido do Barlavento (34,4 por cento), do Ave (40,5 por cento), Arade (41,8 por cento ), Oeste (41,9 por cento), Mira (47,9), Lima (52,5 por cento ) e Tejo (58,8 por cento).

As bacias do Cávado (64,3), Douro (62,8 por cento), Mondego (62,7 por cento) e Guadiana (62,5 por cento) tinham os níveis mais altos de armazenamento no final de setembro.

Os armazenamentos de setembro de 2019 por bacia hidrográfica apresentaram-se inferiores às médias de setembro (1990/91 a 2017/18), exceto para as bacias do Cávado, Ribeiras Costeiras, Douro, Mondego e Arade.

A cada bacia hidrográfica pode corresponder mais do que uma albufeira.

c/ Lusa
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