Quantos sacos de plástico utiliza quando vai às compras? Este é um problema ambiental de alcance planetário. E Portugal não lhe escapa. Razão pela qual as associações ambientalistas Quercus e ZERO querem ver todos os plásticos taxados.
A utilização de materiais em plástico descartável e de curta utilização, entre os quais os tradicionais sacos, tem aumentado de forma exponencial nas últimas décadas.
Trata-se de hábitos de consumo que passam pela aquisição de cada vez mais produtos embalados ou materiais em plástico cuja utilização dura escassos minutos, como é o caso das palhinhas, dos copos de café das máquinas ou dos cotonetes. E a reciclagem é ainda um hábito por consolidar.
Carmen Lima, coordenadora do Centro de Informação de Resíduos da Quercus, refere que, apesar de a população portuguesa estar mais sensibilizada para os problemas associados ao ambiente, não se verifica uma mudança significativa de comportamento.“Os dez cêntimos não são para o Estado, mas sim para
os supermercados, uma vez que aqueles sacos saem da definição ao qual se
aplica a lei”, diz a ZERO.
A taxa ambiental aplicada em 2014 aos sacos de plástico mais leves produziu efeitos na redução do número de sacos adquiridos por cada pessoa, mas não muito significativos. Isto porque a oferta continuou e a compra do saco, em muitos casos, já se tornou rotina.
“Com a aplicação desta taxa houve uma redução em cerca de 50 por cento dos sacos que eram vendidos nas grandes superfícies, mas o grande problema é que problema continua a manter-se nos outros locais”, refere Carmen Lima.
A responsável da Quercus refere ainda que o valor pago na aquisição do saco de plástico é exclusivamente para o custo de produção do material. E não uma taxa ambiental.
A responsável da Quercus refere ainda que o valor pago na aquisição do saco de plástico é exclusivamente para o custo de produção do material. E não uma taxa ambiental.
A ZERO afina pelo mesmo diapasão da Quercus e quer ver os mesmos produtos taxados. A associação ambientalista diz mesmo que há um contornar da legislação - embora legal - por parte das empresas: a venda de sacos acima do limite exigido na legislação (menos de cinco milímetros de espessura).
Susana Fonseca, da ZERO, diz que os sacos oferecidos pelas empresas, mesmo os pagos, podem ser utilizados, sem que lhes seja aplicada uma taxa que deveria beneficiar práticas ambientais.
“Os dez cêntimos não são para o Estado, mas sim para os supermercados, uma vez que aqueles sacos já saem da definição à qual se aplica a lei”, refere.
Reduzir, reutilizar, reciclar e... recusar
Para a coordenadora do Centro de Informação de Resíduos da Quercus, é preciso introduzir um novo R à campanha ambiental de uso dos resíduos. Carmem Lima explica que atualmente não basta “reduzir, reutilizar e reciclar. É importante dizer não e recusar o uso e a compra deste material.
ZERO quer o plástico contado
A associação ambientalista ZERO considera, por sua vez, que além de reforçar a mensagem sobre a importância de poupar recursos e reduzir o consumo de materiais descartáveis, é importante contabilizar o consumo real por parte das populações. Motivo pelo qual pede ao Estado que avalie a aplicação da taxa sobre os sacos de plástico.
Mas não só. A ZERO quer saber quantos sacos de plástico são hoje consumidos per capita e exige ao Estado que faça essa contabilidade.
A ZERO quer também conhecer quantos sacos são ainda utilizados, independentemente da gramagem, e ver alargada a aplicação da lei. A utilização de sacos descartáveis voltou a ser muito comum e o valor de dez cêntimos tornou-se quase insignificante.
É hoje evidente a sobreutilização de recursos da Terra e os consequentes desequilíbrios.
Reduzir o consumo de recursos é fundamental, pelo que simplesmente substituir um material por outro de pouco ou nada adiantará, passando da eventual solução de um problema para o surgimento de outro.
A mudança de paradigma passa pela redução, pela reutilização e, muitas vezes, pela recusa, mais do que pela substituição de materiais de forma generalizada.
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