Laura Muir foi a grande figura dos europeus de Glasgow

por Mário Aleixo - RTP
Muir dobrou o ouro e foi a figura principal dos Europeus de pista coberta, de Glasgow Reuters

Laura Muir, que juntou o ouro dos 1.500 metros ao dos 3.000 que já tinha, é a grande figura dos Europeus de atletismo de pista coberta, disputados na Glasgow que tão bem conhece.

A fundista de 25 anos é escocesa e adotou há anos Glasgow, onde no ano passado se licenciou como veterinária, sem abrandar a passada de atleta de alta competição.

Nestes campeonatos, defendeu a "dobradinha" de há dois anos em Belgrado, a que junta o cetro europeu absoluto de 1.500 metros, no ano passado, em Berlim. Uma ótima forma de compensar os momentos menos bons nos Jogos Olímpicos (sétima) e nos últimos Mundiais (quinta e sexta).

Pela vitória nos 1500 metros Muir acabou por suplantar Nelson Évora e o norueguês Jakob Ingerbritsen, que ficaram a muito pouco mesmo de sucessos retumbantes.

O português, eterno favorito no triplo, foi segundo e assim não conseguiu o ambicionado terceiro título consecutivo. Já Jakob, de 18 anos apenas, deixou escapar a "dobradinha" do meio-fundo - depois de ser campeão nos 3.000 metros, foi prata nos 1.500 metros.

Ninguém ainda conseguiu esse objetivo, entre os homens, e a festa norueguesa acabou por ser estragada pelo polaco Marcin Lewandowski, que assim conservou o título.
Muir sem concorrência
No centro das atenções maiores fica então, sem rivais, Laura Muir, que comandou a corrida e acelerou progressivamente, até um final escaldante, com o cronómetro a marcar 4.05,92 minutos. A mais de três segundos terminaram o polaco Sofia Ennaoui e a irlandesa Ciara Mageean.

Muir ajudou ao sucesso britânico no quadro de medalhas, com 12, das quais quatro de ouro. Melhor só a Polónia, com cinco medalhas de ouro, sete no total.

Um desses ouros foi justamente o de Lewandowski, contra quem o miúdo Ingerbritsen acabou por ser impotente.

O antigo especialista de 800 metros arrancou em força a 200 metros da chegada, passou Jakob e ganhou em 3.42,85.

Mesmo falhando a "dobradinha", Jakob sai de Glasgow com um recorde de precocidade - é o mais jovem campeão de sempre num Europeu "indoor", continuando uma saga que começou no ano passado em Berlim, onde com apenas 17 anos venceu todos em 1.500 e 5.000 metros.

No extremo oposto em termos de idade está Nelson Évora, quase com 35 anos e ainda no grupo restrito dos que chegam às medalhas.

Perseguia também um título histórico, terceiro triunfo na especialidade. E também ele não o conseguiu por muito pouco, surpreendido que foi pelo azeri Nazim Babayev, o novo campeão.

Nelson, treinado há dois anos por Ivan Pedroso, saltou excelentes 17,11 metros e mantém-se no topo do triplo salto, em que é o sétimo mundial do ano, depois desta 11.ª grande medalha.

Portugal fica desta vez só com esta medalha - e pode lamentar-se da sorte madrasta de dois quartos lugares - o que lhe dá a 20.ª posição no quadro global.

Já em termos de pontos, o panorama foi mais animador, com a safra do último dia a elevar o agregado para 21 pontos, 15.º lugar final, numa lista encabeçada por Grã-Bretanha (122,5), Polónia (72) e França (72, mas sem ouros). Melhor para os lusos, só em três edições anteriores.

pub