China clona cinco vezes macaco geneticamente modificado

por Nuno Patrício - RTP
Os cientistas chineses querem comparar as reações com macacos por estes serem mais parecidos com os humanos. Foto: Academia Chinesa de Ciências/Reuters

Um grupo de investigadores genéticos chineses propôs-se realizar uma série de testes de manipulação genética em macacos. A experiência consistiu em alterar geneticamente um símio e depois reproduzi-lo através de clonagem.

A experiência, segundo os investigadores, procurou ter várias "amostras vivas", mas com a particularidade de serem todas exatamente iguais. Esta realidade, de acordo com o estudo, ajuda na obtenção de resultados mais eficientes, em contraste com a aplicação dos testes em sujeitos vivos diferentes na composição bioquímica.

Esta experiência visa estudar sintomas associados a pessoas com distúrbios do sono, depressão, diabetes, cancro e doenças como a de Alzheimer. Uma investigação que pela primeira vez, os cientistas teriam cinco macacos exatamente iguais, com o mesmo fundo genético à sua disposição, para analisar as reações aos diferentes estímulos impostos.Mas será esta prática eticamente aceite pela comunidade científica? A esta questão o investigador cientifico alemão Eckhard Wolf, do Centro de Genes da Universidade Ludwig-Maximilians, em Munique, classifica a experiência como uma "grande conquista logística".

Se eticamente e cientificamente ficar provado que tal experiência é necessária, Eckhard Wolf não considera este ato como repreensível. Mas deixa no entanto a pergunta: "Qual poderá ser o uso para o homem apesar do sofrimento que se inflige ao animal"? A resposta cabe apenas a cada um de nós, pensar se o benefício humano no futuro paga a manipulação e o sofrimento dos animais.

Um macaco igual a cinco macacos totalmente iguais
De acordo com o estudo apresentado na revista online Cell - Cloning of Macaque Monkeys by Somatic Cell Nuclear Transfer – os 11 investigadores chineses que apresentaram esta experiência introduziram um defeito genético num único macaco, tendo clonado o símio cinco vezes.

Esquema de clonagem apresentado pela equipa de investigadores chineses. Fonte: Cell Press

A finalidade da experiência, pela primeira vez oficialmente, na história da ciência da manipulação genética, de acordo com informações chinesas com referência a dois artigos na revista científica chinesa Science Review Nacional, foi a criação e nascimento de vários macacos clonados, todos eles com um defeito genético criado artificialmente.
Um pesquisador chinês anunciou, em novembro último, o primeiro nascimento de bebês geneticamente modificados no mundo. Uma experiência que provocou indignação em todo o mundo.
Os cinco símios que nasceram no Departamento de Neurociências da Academia Chinesa de Ciências em Xangai, serviram para avaliar desequilíbrios no biorritmo animal, quando perturbados. Esta experiência visa estudar sintomas associados a pessoas com distúrbios do sono, depressão, diabetes, cancro e doenças como a de Alzheimer. Uma investigação em que pela primeira vez, os cientistas teriam cinco macacos exatamente iguais, com o mesmo fundo genético à sua disposição, para analisar as reações aos diferentes estímulos impostos.

Do macaco ao homem: um pequeno grande passo perigoso?

Esta não é a primeira vez que investigadores chineses realizam e dão a conhecer ao mundo a clonagem animal. No final de 2017 foi revelada a clonagem bem-sucedida dos dois primeiros macacos, muito embora envolta em muita controvérsia. Isto porque os símios são em quase tudo semelhantes aos seres humanos e, portanto, a preocupação com uma aplicação do método em humanos está a crescer.

Zhong Zhong nasceu a 27 de novembro e Hua Hua no dia 5 de dezembro de 2017. Fonte: english.cas.cn/Chinese Academy of Sciences

E para ajudar a esta suspeita, pelos visto com fundamento ético e moral, a publicação de uma nova experiência de clonagem com macacos procede ao escândalo em torno de um pesquisador chinês que anunciou, em novembro, o primeiro nascimento de bebês geneticamente modificados no mundo.

De acordo com a informação divulgada pelo cientista que encabeça o projeto, uma das mulheres inseminada ainda estará grávida. A experiência provocou indignação em todo o mundo. A universidade onde trabalhava este investigador demarcou-se do projeto e expulsou o docente das fileiras académicas. Desde então as autoridades chinesas ainda estão a considerar se aplicam medidas punitivas contra o investigador.
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