"Meias com Ciência" transforma crianças em pequenos cientistas

por RTP
Foto: Reuters

É comum as crianças imaginarem-se cientistas e, com recurso aos objetos que encontram na natureza, inventar soluções que, por vezes, não têm a aceitação dos adultos. Esta quinta-feira, Dia Mundial da Criança, a imaginação pode converter-se em realidade.

A Ciência Viva, aproveitando o Dia Mundial da Criança, coloca no terreno uma série de experiências com centenas de crianças no Parque da Lavandeira, localizado no Parque Biológico de Gaia.

Especialmente dirigido a crianças entre os seis e os dez anos, estas aventuras científicas vão dar a oportunidade de explorar um mundo vivo a seus pés.

A promotora do evento, Rosalina Vargas, ligada ao programa Ciência Viva, refere que a iniciativa Meias com Ciência vai contar com a presença de cerca de 500 crianças, provenientes do 1.º ciclo do Ensino Básico.

Usando apenas meias brancas, vão recolher nos pés amostras "científicas", que depois vão analisar.

Esta atividade científica tem como finalidade a descoberta do ecossistema presente no dia-a-dia destas crianças. Uma ideia que surgiu no ano passado de uma forma natural, segundo Rosália Vargas - ao aperceberem-se de que os locais onde estas crianças estão inseridas diariamente, como pátios e recreios do espaço das escolas, podem ser mostrados como laboratórios científicos vivos, proporcionando oportunidades de conhecimento aos mais pequenos.

A atividade decorrerá no Parque da Lavandeira, das 9h30 às 18h00, onde estarão montadas bancadas com lupas, microscópios e outros pequenos equipamentos de observação e registo.

Lado a lado com zoólogos, geólogos e botânicos, os pequenos exploradores vão descobrir um incrível mundo a seus pés e comemorar o dia que lhes é dedicado fora da sala de aula.
Uma criança, um aprendiz de cientista
A coordenadora do projeto é da opinião de que o contacto com a ciência deve ser feito o mais cedo possível. E já que é na escola que as crianças começam a aprender estas matérias, nada melhor do que aproveitar o dia dedicado aos mais pequenos para as pôr em contacto direto com a ciência.

“É em pequenino que tudo começa e tudo aquilo que pudermos fazer com os mais pequenos deve ser feito. Razão pela qual o provérbio popular refere e é bem certo que de pequenino se torce o pepino”, refere Rosália Vargas à RTP.

A iniciativa tem o apoio da Câmara Municipal de Vila Nova de Gaia, do Museu de História Natural da Universidade do Porto, do Planetário do Porto - Centro Ciência Viva e do Centro Ciência Viva de Vila do Conde.


A ciência não tem género
Também dentro do espírito científico vai decorrer neste Dia Mundial da Criança uma campanha dirigida especialmente às meninas. A iniciativa procura a integração e diminuir a diferença de géneros nesta área.

Serão lançadas camisolas com os motes: Princesa? Eu quero é ser engenheira; Princesa? Eu quero é ser neurocientista; Princesa? Eu quero é ser astrofísica.

Existem estudos que apontam para um desequilíbrio de géneros na área das engenharias. Apenas 38 por cento das mulheres escolhem a área de engenharia e matemática, contrastando com os 76 por cento da área da saúde.

Também um relatório europeu de igualdade de géneros, referente à empregabilidade portuguesa, mostra que entre 2005 e 2012 o número de mulheres na área de ciências matemáticas diminuiu de 33 por cento para 31 por cento, respetivamente.

Tendo como objetivo motivar e incentivar os alunos portugueses para o desenvolvimento de projetos científicos, neste mesmo dia começa a 11ª Mostra Nacional de Ciência. Nesta edição, que decorre até 3 de junho no Centro de Congressos da Alfândega do Porto, participam 100 projetos da autoria de mais de 250 jovens cientistas, coordenados por professores de diferentes áreas.
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