Teoria da Relatividade é tema de centro científico em antiga roça da ilha do Príncipe

por Lusa

Santo António, São Tomé e Príncipe, 05 mai 2019 (Lusa) -- O local onde se secava cacau e coco, na ilha são-tomense do Príncipe, vai transformar-se no Espaço Ciência e História Sundy, cuja inauguração será o ponto alto das comemorações dos 100 anos da validação da Teoria da Relatividade Geral, de Einstein.

O momento ocorre no próximo dia 29, exatamente 100 anos depois do eclipse solar de 29 de maio de 1919, durante o qual foi confirmada a Teoria da Relatividade Geral (1915), do físico Albert Einstein, na roça Sundy, na ilha do Príncipe, e no Sobral, no Brasil, por equipas de astrónomos liderados por Arthur Eddington.

É precisamente nesta roça que será inaugurado o Espaço Ciência e História Sundy, um momento que contará com a presença do Presidente da República português, Marcelo Rebelo de Sousa, que se associou a este evento.

O espaço pretende proporcionar aos visitantes "um conjunto de experiências interativas, em conexão com a Natureza": segundo os organizadores, para se chegar lá, há que percorrer os Trilhos da Ciência, aliando "ciência, natureza e cultura local", numa ilha que é reserva mundial da biosfera da UNESCO.

Ali será instalada "uma versão muito pequena de um interferómetro, que permitirá que os visitantes melhor compreendam a confirmação da Teoria de Einstein" e, no futuro, o espaço acolherá um planetário.

No Príncipe, todo o ano é dedicado a assinalar o centenário, mas o pico das celebrações ocorre a partir de 25 de maio, com a realização de observações noturnas do céu, conferências e palestras, ou a apresentação do livro "O Eclipse de Einstein", do antigo ministro da Educação português Nuno Crato.

São Tomé e Príncipe e Brasil vão "juntar-se" numa videoconferência, no dia 29, e alunos dos dois países participam numa ópera, que têm estado a escrever em conjunto.

"Vamos ter atividades políticas, científicas, culturais e históricas, de forma a mobilizarmos a população do Príncipe e para que a ciência possa chegar aos cidadãos desta ilha", descreveu à Lusa o presidente do Governo Regional do Príncipe, José Cardoso `Tozé` Cassandra.

As iniciativas têm envolvido principalmente os alunos do ensino básico e secundário e o governante garante que "até há bem pouco tempo a população do Príncipe não sabia o que era isto, mas hoje, sobretudo a camada mais jovem, começa a despertar interesse e a querer saber mais".

"Tendo este evento a importância que tem, dada a revolução que fez na ciência, gostávamos que as pessoas percebessem que o Príncipe fez parte dessa revolução. Estamos a levar às comunidades do Príncipe a discussão sobre essa revolução", comentou `Tozé` Cassandra.

As questões ambientais também vão estar em destaque, estando prevista a apresentação do Plano do Desenvolvimento Sustentável Regional, alinhado com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (Agenda 2030), definidos com as Nações Unidas.

Pelo menos 70 cientistas, de países como Portugal, Brasil, Estados Unidos ou Reino Unido, participam nos encontros, além de políticos e outros visitantes -- o que o presidente do Governo Regional confessa ser "uma dor de cabeça", numa ilha com uma capacidade hoteleira de 200 quartos.

Neste período, haverá reforço de voos, "para permitir que todos os convidados possam entrar e sair da ilha com tranquilidade", disse Cassandra.

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