Conversa Capital com Bagão Félix, economista

por Antena1

Foto: Antena1

"A não aprovação do Orçamento do Estado não é um dilúvio". A frase é de Bagão Félix, economista e antigo ministro das Finanças e da segurança Social.

Em entrevista à Antena1 e ao Jornal de Negócios, Bagão Félix considera que algum período em duodécimos não tem só desvantagens e adianta que áreas já muito penalizadas, como a saúde, não vão ter problemas porque partem de uma base que, em 2021, por causa da pandemia, já foi mais robusta.

Por outro lado, as receitas mantêm-se. Admite, ainda assim, que o crescimento do PIB seja menor, mas poderá haver uma redução do défice. Considera também que nos próximos meses os investimentos, como na CP, não vão ser prejudicados.

Ainda assim, considera que não haver Orçamento é um fator de menor confiança, de "menor atrevimento de investimento privado", e um adiar de decisões. Segundo o antigo ministro das Finanças, a gestão em duodécimos só terá efeito mais nocivo se a crise política se prolongar para lá do desejável e esse, considera, é o risco de dissolver a Assembleia da República.

Numa avaliação à situação política, Bagão Félix considera que os partidos à esquerda do PS perceberam que não ganharam com o casamento com o governo e "fizeram uma espécie de IVG - Interrupção Voluntária da Geringonça", porque o modelo de "negociação a retalho" esgotou-se.

Bagão Félix diz que António Costa foi hábil ao não se demitir, explicando que nas próximas semanas deixa de existir o órgão fiscalizador do Governo que é o Parlamento. Não havendo demissão, as competências do governo são limitadas em matérias de reserva do Parlamento, mas não é um governo de gestão, ou seja, não está sujeito a essas limitações e por isso, Bagão Félix considera que António Costa foi hábil.

Nesta entrevista, Bagão Félix diz que o iVaucher é uma "história mal contada", porque constitui uma "regressão fiscal", uma vez que só beneficiou os ricos. Adianta que o mesmo se passa agora com a aplicação do sistema aos combustíveis que, do ponto de vista da justiça social, não faz sentido.

Uma entrevista conduzida pelos jornalistas Rosário Lira, da Antena1 e Joana Almeida do Jornal de Negócios.
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