Conversa Capital com Francisco Calheiros, Presidente da Confederação de Turismo de Portugal

por Antena1

Foto: Antena1

No verão de 2022 a "bagunça" no aeroporto vai ser enorme. A frase é do presidente da Confederação do Turismo de Portugal em entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios. Mais: Francisco Calheiros considera que uma greve na TAP, a acontecer, será "desastrosa" para o turismo e até já tem números sobre o impacto do atraso na construção do novo aeroporto, que apontam para perdas de milhares de milhões de euros por ano. Ainda assim, com todos os constrangimentos no aeroporto, com a falta de mão de obra e com a inflação a subir, o turismo vai fazer a retoma já este ano e terá um ano ainda melhor do que o de 2019, com as receitas a aumentarem em cerca de 10 por cento.

Em entrevista à Antena1 e ao Jornal de Negócios, Francisco Calheiros não tem dúvidas que o aeroporto de Lisboa não está preparado para a retoma do turismo e para o aumento da procura e que apesar dos esforços que a ANA possa fazer, o cenário no verão vai ser de "bagunça". O presidente da CTP adianta que basta lembrar o que aconteceu em 2019, para perceber o que vai acontecer em 2022, uma vez que a procura será idêntica.
 Defende por isso a decisão urgente de avançar com a construção de um novo aeroporto. A CTP já fez as contas e no final do mês vai apresentar um estudo que prova que as perdas para o país, por ano, pela ausência de um novo aeroporto são de milhares de milhões de euros. Francisco Calheiros culpa o PSD pelo mais recente atraso e adianta que pretende falar com o novo líder do partido para saber que posição vai tomar sobre este assunto. Francisco Calheiros lembra que, se à situação que o aeroporto de Lisboa vive, se juntar uma greve na TAP, então a situação vai ser "desastrosa" para o turismo. Ainda assim, a previsão para este verão é de um aumento das dormidas e das receitas. O presidente da CTP diz mesmo que a retoma vai chegar já este ano, com números superiores aos registados em 2019, tanto em dormidas como em receitas, sendo que estas deverão aumentar no final do ano cerca de 10 por cento.
 Admite que há um aumento nos preços, mas esse aumento, adianta, não tem efeitos na procura em Portugal, porque é comum a todos os países. Ainda assim, as margens de lucro mantêm-se, mas as empresas, segundo Francisco Calheiros, não estão a repercutir na totalidade o aumento dos custos no preço final ao consumidor. Questionado sobre a necessidade de aumentar salários, até como fator de atratividade, Francisco Calheiros adianta que o problema do sector não são os salários, é a falta de mão de obra. Revela que já conseguiram recuperar 40 mil dos 80 mil postos de trabalho perdidos durante a pandemia. Prevê que seja possível recuperar outros 20 mil, mas, ainda assim, faltam outros 20 mil que não há. Por isso, pede ao governo para agilizar os processos burocráticos que impedem a contratação de estrangeiros.
 Sobre o aumento de 20 por cento para o salário médio defendido pelo primeiro-ministro, Francisco Calheiros refere que o assunto ainda não foi levado à Concertação Social como devia e que gostaria de conhecer os critérios para chegar a esse valor e não a outro.
Entrevista conduzida pelos jornalistas Rosário Lira, da Antena1 e Hugo Neutel do Jornal de Negócios.
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