Conversa Capital com Rafael Campos Pereira, vice-presidente executivo da AIMMAP

por Antena1

A Associação dos Industriais Metalúrgicos Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP) pede ao governo para avançar já com o lay off simplificado. Rafael Campos Pereira, vice-presidente executivo, diz mesmo, em entrevista à Antena 1 e ao Jornal de Negócios, que "o lay off simplificado devia ter avançado ontem".

Rafael Campos Pereira adianta que há empresas ligadas ao cluster automóvel e à metalomecânica que podem parar, ou ter interrupções de atividade, uma situação que pode conduzir à dispensa de trabalhadores porque, apesar de existirem encomendas, os preços para a produção são muito elevados e não há matéria-prima. No caso da indústria automóvel a situação é agravada face à dependência da indústria alemã das cablagens provenientes da Ucrânia. O responsável da AIMMAP diz que é "uma montanha-russa total", porque ainda há bem pouco tempo o sector se queixava da falta de mão de obra para responder ao volume de encomendas.

Na indústria metalomecânica a guerra veio agravar a escassez de matérias-primas como o aço e o alumínio. A Rússia é o principal produtor de aço na Europa. A situação é de tal forma grave, que os distribuidores de matérias-primas não estão a apresentar cotações e algumas empresas já suspenderam os fornecimentos. "Para termos uma noção, é o mesmo que dizer que as bombas de gasolina estão todas fechadas", esclarece Rafael Campos Pereira.

Acresce à situação de guerra o aumento da especulação. Rafael Campos Pereira diz que não acredita que não se saiba quem é que está por trás dos movimentos especulativos e não percebe porque é que não são aplicadas sanções.

O vice-presidente da AIMMAP revela que há empresas em que o custo das matérias-primas passou de 30 para 70 por cento dos custos totais, uma situação que necessariamente terá de ser repercutida no preço final. Para facilitar a vida às empresas na compra de matérias-primas, o vice-presidente da AIMMAP apela à União Europeia para suspender as taxas à importação e espera que Portugal, ao contrário do que aconteceu no ano passado, vote a favor da medida.

Rafael Campos Pereira diz que não tem dúvidas que a UE terá de avançar com uma espécie de PRR para a energia e repensar as regras de auxílio de Estado. De resto, considera que a ideia de comprar energia em conjunto com outros estados-membros, deve estende-se também às matérias-primas. Relativamente à energia, Rafael Campos Pereira adiantou que está a ser negociado mais um pacote de compra de eletricidade e gás, por cerca de 400 empresas do sector, com o apoio da AIMMAP, mas admite que a dificuldade está a ser grande porque os fornecedores não querem assumir preços.

Entrevista conduzida pelos jornalistas Rosário Lira, da Antena1 e Hugo Neutel do Jornal de Negócios.
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