Ação Cooperativista pede campanha para reativar atividades culturais nas escolas

por Lusa

O grupo Ação Cooperativista pediu hoje, em Lisboa, à ministra da Cultura, Graça Fonseca, a realização de uma campanha de sensibilização nas escolas para reativar as atividades culturais, em articulação com o Ministério da Educação.

O grupo informal, criado após o surgimento da pandemia covid-19 para apoiar artistas, técnicos e produtores, e que alerta para o subsetor da atividade cultural nas escolas, reuniu-se esta manhã com a tutela para alertar sobre a "falsa ideia de retoma" desta área, que teve uma quebra de 90%, disse fonte contactada pela agência Lusa.

"De acordo com o levantamento que fizemos em todo o país, a maior parte das escolas não tem possibilidade de transportar os alunos para os teatros, porque precisam do dobro dos autocarros no quadro das exigências de segurança sanitária para combater o vírus. Além disso, ainda prevalece o medo, e os artistas não conseguem entrar nos estabelecimentos de ensino pelas mesmas razões", explicou Catarina Requeijo.

O grupo tinha divulgado esse levantamento há um mês, sobre o impacto da falta de acesso a atividades culturais no ano letivo 2020/2021, que originou um pedido, por parte da ministra da Cultura, de agendamento de uma reunião presencial, com o objetivo de se discutir a situação.

Nesse levantamento, a Ação Cooperativista reúne um conjunto de testemunhos sobre as dificuldades dos artistas e das escolas de todo o país, em que surgem a falta de recursos financeiros e os entraves colocados pela pandemia para que o ambiente escolar continue a usufruir de atividades culturais, como espetáculos, feiras do livro, e outras iniciativas que habitualmente são programadas.

"O Ministério da Cultura não tem competência direta na área das escolas, mas sugerimos que se articule com o Ministério da Educação, de forma a concertar uma campanha de sensibilização que possa chegar às escolas e agrupamentos escolares, de forma a criar uma abertura maior a estas atividades culturais, essenciais à formação dos alunos", revelou Catarina Requeijo.

O grupo ressalva que não está contra as escolas, mas considera que, cumprindo as regras sanitárias, "é possível continuar a manter alguma atividade cultural para crianças e jovens, de forma a não ser um ano perdido".

Catarina Requeijo alertou para a existência de muitos artistas que vivem exclusivamente deste trabalho nas escolas, e tornou-se um grupo muito fragilizado com a pandemia.

Adiantou ainda que, na reunião, falou com a ministra da Cultura da necessidade de resolver "atrasos nos pagamentos dos artistas no quadro das atividades do Plano Nacional das Artes".

"A ministra Graça Fonseca disse já ter tido conhecimento desta situação, relacionada com cativações orçamentais que está a tentar resolver", acrescentou.

A Ação Cooperativista -- Artistas, Técnicos e Produtores, entidade surgida na área da cultura, no contexto de resposta à crise provocada pelo impacto da pandemia covid-19, tem vindo a desenvolver iniciativas para proteger o trabalho dos artistas, em articulação com sindicatos e outras plataformas, em diferentes áreas e subsetores das artes e dos espetáculos.

Este grupo informal apareceu com o manifesto "Unidos pelo presente e futuro da cultura em Portugal", que mobilizou outras entidades, em maio e junho, tendo lançado desde então, entre outras ações de alerta, uma linha fictícia de apoio de emergência às artes, para demonstrar a urgência de "uma compensação financeira a profissionais", sobretudo no contexto da "suborçamentação crónica do Ministério da Cultura".

Foi também uma das entidades a solidarizar-se com a família do ator Bruno Candé, assassinado a tiro na via pública, no concelho de Loures, em 25 de julho, com o lançamento de uma petição `online`, para o estabelecimento de "um subsídio vitalício", que garanta o futuro dos filhos do ator.

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