Alerta da Comissão Europeia. Governos da UE não estão preparados para nova vaga de Covid-19

por Alexandre Brito - RTP
Margaritis Schinas em conferência de imprensa esta manhã durante a apresentação da estratégia para a vacinação Reuters

É um aviso à navegação. A Comissão Europeia alertou esta manhã que os governos da União Europeia não estão preparados para a nova onda de Covid-19. E recomendou a adoção de medidas comuns para o momento em que a vacina ficar disponível. A estratégia europeia para a vacinação foi agora divulgada.

"Embora a evolução da pandemia esteja a voltar aos níveis de março, o nosso estado de preparação não está", disse o vice-presidente da Comissão Europeia Margaritis Schinas.

O responsável grego pediu aos Estados da União Europeia que trabalhem na adoção de uma estratégia comum nesta nova fase da pandemia para que sejam evitadas situações idênticas às do passado, com medidas nacionais isoladas.

Os números conhecidos nos últimos dias indicam que a União Europeia tornou-se no epicentro da propagação do vírus, superando os Estados Unidos da América. Há por dia 100 mil novos casos. Nos EUA cerca de 51 mil infecções por Covid-19 são relatadas, em média, todos os dias.

A necessidade de coordenação entre os vários países da União Europeia é fulcral não só pelo aumento de casos mas também pela perspetiva de chegada de uma vacina. A OMS já admitiu essa possibilidade, da aprovação de uma vacina para a Covid-19, até ao final do ano. Cerca de 200 milhões de europeus estarão na linha da frente para receberem a vacina quando estiver disponível

A Comissão Europeia quer que os Estados-membros estejam preparados para esse momento que será crucial no combate à pandemia mas também extremamente complexo.

É preciso ter em conta que a política de saúde é uma prerrogativa nacional, logo, a Comissão Europeia apenas pode fazer recomendações para medidas comuns.

Nesse sentido, a CE alerta que os hospitais e os serviços de vacinação devem ter funcionários qualificados e equipados com os instrumentos de proteção necessários. É preciso antecipar a escassez de equipamentos que afetou o combate ao vírus em março.

É também necessário também ter em conta, diz a Comissão Europeia, que as vacinas podem ter de ser armazenadas a temperaturas extremamente baixas.

Quando a vacina ou vacinas estiverem disponíveis serão disponibilizadas numa primeira fase aos grupos mais vulneráveis: profissionais de saúde, pessoas com mais de 60 anos, doentes crônicos, trabalhadores essenciais e grupos socio-económicos mais desfavorecidos. O que equivale, estima-se, a cerca de 200 milhões do total da população da União Europeia de 450 milhões.

Já esta quinta-feira o chefe de gabinete da chanceler alemã Angela Merkel afirmava que já não havia dúvidas de que "estamos no início de uma segunda onda" do vírus.

Para logo acrescentar que "cabe a nós parar as infeções. Quanto mais esperarmos e menos decisivos formos, maior impacto terá não só na nossa saúde como também na economia".
A estratégia de Bruxelas para a vacinação
A Comissão Europeia garante que, quando esta estiver disponível, todos os Estados-membros terão acesso, num critério com base na população.

O plano de distribuição da futura vacina da Covid-19 prevê que todos os Estados-membros a recebam ao mesmo tempo e com base no tamanho da população.

É esperado que numa primeira fase as doses de vacinas sejam disponibilizadas em quantidades limitadas, antes de a produção arrancar em pleno.

O combate à pandemia de Covid-19 é um dos temas dominantes da agenda do Conselho Europeu, que se reúne hoje e sexta-feira, em Bruxelas, com a presença do primeiro-ministro, António Costa.

O Executivo comunitário está já a assegurar doses de vacinas covid-19 através de contratos com empresas farmacêuticas, em nome dos países da União Europeia.
É preciso evitar confinamentos generalizados
Também esta quinta-feira a comissária europeia da Saúde apelou aos Estados-membros para “fazerem o que for necessário” de modo a evitar “um confinamento generalizado”.

“A minha mensagem, é uma mensagem de urgência. O nosso tempo está a esgotar-se. Todos devemos tomar medidas para evitar os devastadores efeitos sociais, económicos e de saúde de um confinamento generalizado”, afirmou Stella Kyriakides.

c/ agências
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