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Aos 97 anos, José Oliveira Ferro concretiza desejo de ser vacinado

por Lusa

Aos 97 anos, José Oliveira Ferro viajou de Mesão Frio para Vila Real para ser hoje vacinado contra a covid-19 e concretizar um desejo que acalentava há meses e, no final, garantiu sentir-se "satisfeitíssimo".

Maria do Carmo, 95 anos, veio de Loureiro, Peso da Régua, e, apesar do receio inicial da vacina, depois disse estar até "mais bem-disposta" e preparada para ir trabalhar na vinha, onde há vides para apanhar.

Os dois nonagenários integraram o grupo de 90 idosos que esta manhã passaram pelo centro de vacinação instalado no Regia Douro Park, Parque de Ciência e Tecnologia, em Vila Real, coordenado pelo Agrupamento de Centros de Saúde (ACES) do Marão -- Douro Norte.

José Oliveira Ferro queixou-se da viagem de 40 quilómetros que teve que fazer desde Mesão Frio, primeiro por uma estrada sinuosa até à Régua e, depois, por autoestrada até Vila Real. Preferia ter ido ao centro de saúde local, mas, no final, afirmou sentir-se bem. "Já tenho a vacina, estou satisfeitíssimo", afirmou aos jornalistas.

Desde março de 2020 que o idoso não saía da vila onde vive e a toma da segunda dose está já agendada para 04 de março.

O seu anseio é, confessou, chegar aos 99 anos, a idade com que a sua sogra morreu. "Depois peço para chegar aos 100", brincou.

A filha, Rosário Ferro, disse que teve que pedir o dia de folga à Santa Casa da Misericórdia de Mesão Frio para acompanhar o pai e salientou que este foi um "momento muito importante" para a família.

"Desde que começou a ouvir falar na vacina que quer ser vacinado", referiu.

A viagem de Maria do Carmo foi mais curta. "Estava com medo e afinal não dói nada. Estava com medo porque já não sou menina, já tenho 95 anos", salientou.

Agora, acredita que vai ficar "mais protegida" e o quer é ir trabalhar para o campo, semear batatas ou apanhar vides. "Sinto-me melhor a trabalhar do que andar cá fora a passear", frisou.

No Regia Douro Park, a tenda climatizada transformada em sala de espera pós-vacina foi também um lugar de reencontros de muitos destes idosos, conhecidos e até vizinhos, mas que já não se viam há algum tempo por causa da pandemia de covid-19.

Entre os 90 idosos provenientes dos concelhos de Mesão Frio, Régua, Sabrosa, Murça e Santa Marta de Penaguião, a grande maioria tem também mais de 90 anos.

Alguns, com maiores problemas de deslocação, acabaram por ser vacinados no exterior do edifício, dentro dos carros.

Foi o que aconteceu com Maria de Lurdes Gonçalves, 94 anos, da Galafura (Régua). A filha Maria de Lurdes Aires disse que o contacto foi feito pela médica de família e confessou um pouco de receio "por ser uma coisa nova".

Afonso Domingues, presidente do conselho clínico do ACES, referiu que a "chegada das vacinas tem sido um pouco lenta", acompanhando o que acontece a nível nacional e na União Europeia.

Neste centro, a vacinação dos maiores de 80 anos e doentes crónicos arrancou na semana passada (quinta e sexta-feira) e foi retomada hoje.

Segundo o responsável, a gestão do processo tem sido feita num curto espaço de tempo e em função das doses fornecidas.

Em Vila Real, começam também a ser vacinados, na sexta-feira, os bombeiros dos municípios do Douro Norte. O mesmo acontecerá com os do Alto Tâmega, mas, neste caso, os operacionais deslocar-se-ão aos respetivos centros de saúde.

O presidente da Comissão Distrital de Proteção Civil de Vila Real, Fernando Queiroga, referiu que, em todo o distrito, vão ser vacinados cerca de 680 bombeiros, um número que corresponde a metade do corpo ativo dos 14 municípios.

O responsável explicou que o processo se fará de forma faseada, para prevenir falhas em consequência de possíveis efeitos secundários.

Fernando Queiroga referiu ainda que o número de novos infetados com o novo coronavírus está a diminuir no distrito, 1.310 nas últimas duas semanas.

O Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro (CHTMAD), com sede social em Vila Real, acompanha a tendência e, na terça-feira, tinha 97 doentes internados com covid-19, 18 dos quais nos cuidados intensivos.

Há uma semana havia 139 doentes com covid-19 no CHTMAD, 23 nos cuidados intensivos.

Em Portugal, morreram 14.718 pessoas dos 774.889 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

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