China envia profissionais de saúde a Hong Kong para testes em massa

por Cristina Sambado - RTP
Tyrone Siu - Reuters

Já chegaram a Hong Kong os primeiros sete de 60 profissionais de saúde chineses que vão realizar testes em massa de Covid-19 no território, de forma a conter uma possível segunda vaga da pandemia.

É a primeira vez que uma equipa de profissionais de saúde chinesa é enviada para Hong Kong. Desde o início da pandemia de Covid-19, Hong Kong regista 3500 casos do novo coronavírus e 34 óbitos. Depois de o número diário de casos ter registado uma ligeira queda, nos últimos 12 dias o número de novos infetados tem estado sempre nos três dígitos.

Os profissionais de saúde enviados pelo Governo Chinês são principalmente de três hospitais públicos na província de Guangdong.

Carrie Lam, a chefe do Executivo de Hong Kong, revelou no sábado que o pedido de ajuda a Pequim surge depois do ressurgimento de novos casos.

Depois do aumento diário de novos casos, no mês de julho, o território introduziu novas restrições. Entre as quais, a proibição de concentração de mais de duas pessoas e a obrigatoriedade de uso de máscara em todos os espaços públicos ao ar livre. Os restaurantes são obrigados a fechar às 18h00.
Eleições adiadas
Na sexta-feira o Governo de Hong Kong decidiu adiar as próximas eleições legislativas, que estavam agendadas para 6 de setembro. Alguns órgãos de comunicação social afirmam que se trata de um adiamento por um ano, mas oficialmente não foi anunciada uma nova data.

"É a decisão mais difícil que tomei nos últimos sete meses, mas temos de garantir a segurança das pessoas e que as eleições decorram de forma livre e justa", afirmou Carrie Lam, em conferência de imprensa na região administrativa especial de Hong Kong.

O adiamento foi anunciado um dia depois de as autoridades terem vetado doze candidatos da oposição, entre os quais o dirigente do Partido Cívico, Alvin Yeung, e o líder estudantil Joshua Wong.

Na sexta-feira, em conferência de imprensa, Wong disse que se trata de "uma caça às bruxas", referindo-se à desqualificação das candidaturas dos membros da oposição democrática.A decisão avivou os protestos do movimento pró-democracia, que acusou Carrie Lam de instrumentalizar a pandemia para se proteger de uma derrota nas urnas.

"Podem vetar-nos, deter-nos e meter-nos na prisão. Até podem desmarcar as eleições e criar outro parlamento fantoche. Mesmo assim, a nossa voz vai continuar a ser forte. Impedir-me de me apresentar às eleições não vai fazer cair o nosso ideal democrático", disse Joshua Wong.

Os 22 deputados pró-democracia ainda em funções também se mostraram contra o adiamento das eleições sob a justificação da defesa da saúde pública.

"Os legisladores pró-democracia, que representam 60 por cento da opinião pública, coletivamente opõem-se ao adiamento das eleições, enfatizando a responsabilidade do Governo da região administrativa especial que devia adequar medidas contra a epidemia para garantir a realização das eleições, tal como estava programado", indica um comunicado dos 22 deputados.

Se por um lado Pequim compreende e entende este adiamento das eleições legislativas, os Estados Unidos e a Alemanha já o condenaram.

A Casa Branca afirma que se trata de uma decisão que enfraqueceu “o processo democrático”. Já Berlim, suspendeu o tratado de extradição com Hong Kong por considerar que este adiamento é “um novo atentado aos direitos dos cidadãos do território semiautónomo”.

No último mês, também a Austrália, o Canadá, a Nova Zelândia, o Reino Unido e os Estados Unidos suspenderam os respetivos acordos de extradição com Hong Kong.
Lei da Segurança nacional
No final de junho, após uma vaga de manifestações pelas liberdades fundamentais em Hong Kong, a China aprovou a lei de segurança nacional, contrariando o estipulado no estatuto de região autónoma definido no acordo de retrocessão da antiga colónia britânica, em 1997.

A nova lei prevê, entre outras medidas, punições a ativistas pelo separatismo, terroristas, a atos de subversão e a ingerências estrangeiras.

c/ agências
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