O primeiro-ministro recorreu esta quarta-feira ao Twitter para escrever que "não tem qualquer credibilidade qualquer plano de rotas definido" pela companhia aérea de bandeira, "sem a prévia informação sobre a estratégia definida pela República Portuguesa". Escreve ainda António Costa que "a gestão de fronteiras é responsabilidade soberana do Estado português".
O primeiro-ministro recordou que a atual pandemia "exigiu e exige por tempo ainda indeterminado a imposição de restrições na circulação nas fronteiras terrestre, marítima e aérea".Não tem credibilidade qualquer plano de rotas definido pela TAP, sem a prévia informação sobre a estratégia de reabertura de fronteiras definida pela República Portuguesa.
— António Costa (@antoniocostapm) May 27, 2020
Vejo-me obrigado a recordar à Comissão Executiva da TAP os deveres legais de gestão prudente e responsável, que não são compatíveis com a definição, divulgação e promoção de planos de rotas cuja viabilidade depende da vontade soberana da República na gestão das suas fronteiras.
— António Costa (@antoniocostapm) May 27, 2020
"A confirmarem-se estas informações, isto é um insulto à região Norte, um insulto à região que tem o tecido empresarial que tem, a que mais exporta e contribui para o desenvolvimento do país e a que tem vindo a atrair mais e novo turismo", disse Marco Martins na terça-feira.
Também em conferência de imprensa, o secretário-geral adjunto do PS, José Luís Carneiro, desafiou a TAP a corrigir o plano de rotas aéreas tornado público, considerando que a decisão da comissão executiva da transportadora aérea de reduzir voos e destinos "lesa o interesse nacional".
"Para o continuar a ser, a TAP tem de estar alinhada com o interesse estratégico do Estado português. Este anúncio da comissão executiva coloca em causa esse objetivo estratégico e o suporte da decisão política de o Estado ter uma parceria com esta companhia logo que o Governo assumiu funções, em 2015", afirmou.
A bancada parlamentar socialista solicitou "com caráter de urgência", a presença do presidente da transportadora aérea portuguesa na Comissão de Economia, Inovação e Obras Pública da Assembleia da República, para, "de alguma forma, explicar as decisões anunciadas pela Comissão Executiva da TAP", disse à Lusa o deputado Carlos Pereira.
"Se é assim, como a TAP diz, então não estamos perante uma empresa nacional, mas perante uma empresa de ordem regional, confinada mais ou menos à antiga província da Estremadura, a grande Lisboa. Uma empresa que não responde aos aeroportos de Faro, do Funchal, de Ponta Delgada e do Porto como deve ser, então não é uma empresa nacional, mas, sim, regional", alegou o presidente do PSD.
Rui Rio, ex-presidente da Câmara do Porto, defendeu depois que "uma empresa regional não pode ter os apoios que tem uma empresa que é estrategicamente importante para o país como um todo".
"Se a TAP entende que apenas deve servir um aeroporto, penso que se colocou de lado relativamente a ser uma empresa nacional. Isto para mim é claro", acrescentou o líder social-democrata.
Em junho, de acordo com o mesmo plano, a companhia aérea planeia voltar a operar mais voos intercontinentais, incluindo dois por semana para Nova Iorque (Newark), um para Luanda, a partir de dia 15, e outro para Maputo. Em Portugal, as ligações entre Lisboa e a Madeira passarão a ser diárias, sendo que no final de junho a TAP contará com 27 voos semanais.
Em julho, a transportadora conta aumentar significativamente as ligações, ainda que em valores muito distantes dos três mil semanais que registava antes da pandemia.