Covid-19. Donald e Melania Trump receberam vacina em segredo

por Joana Raposo Santos - RTP
Em dezembro, a Casa Branca informou que Donald Trump não receberia a vacina até que a sua equipa médica o recomendasse. Octavio Jones - Reuters

O ex-Presidente norte-americano, Donald Trump, e a sua mulher, Melania Trump, terão recebido a vacina contra a Covid-19 em janeiro, enquanto ainda se encontravam na Casa Branca. A decisão de receberem a vacina pela calada contrasta com a do novo ocupante da Sala Oval, Joe Biden, que escolheu ser vacinado em frente às câmaras para promover a confiança no processo.

A informação foi avançada ao New York Times e à CNN por um conselheiro de Donald Trump e chega um dia depois de o antigo Presidente ter apelado, pela primeira vez, aos seus apoiantes a que recebessem a vacina.

“A vacina não é nada dolorosa, por isso todos vocês deviam ir tomá-la”, encorajou o republicano durante o discurso na Conferência sobre Ação Política Conservadora, na Flórida.

Enquanto era ainda Presidente, Trump nunca transmitiu este tipo de mensagem e chegou mesmo a desvalorizar, por diversas vezes, a gravidade da pandemia de Covid-19.

A decisão de receber a vacina em segredo vem contrastar com a do seu sucessor na liderança dos Estados Unidos, Joe Biden, que em dezembro foi vacinado em frente às câmaras para promover a confiança pública nas vacinas. A vice-presidente Kamala Harris fez o mesmo, assim como o ex-vice, Mike Pence, e os antigos Presidentes Barack Obama, George Bush e Bill Clinton.

Em meados de dezembro, a Casa Branca informou que Donald Trump não receberia a vacina até que a sua equipa médica o recomendasse, até porque na altura o ex-Presidente estava ainda sob os efeitos do cocktail de anticorpos que lhe foi administrado enquanto recuperava da infeção pelo SARS-CoV-2.
“Fomos nós que o fizemos”
Durante o discurso de Trump no domingo, este terá relembrado aos seus apoiantes os alegados esforços da sua Administração para que o processo de vacinação fosse acelerado. “Nunca os deixem esquecer que fomos nós que o fizemos”, pediu o antigo líder.

No entanto, fontes da nova Administração Biden contaram à CNN que um dos maiores choques de Joe Biden durante o período de transição foi ter-se deparado com a ausência de qualquer estratégia do seu antecessor quanto à distribuição de vacinas.

Os Estados Unidos continuam a ser o país mais afetado do mundo tanto a nível de infeções como de óbitos por Covid-19. A situação tem, ainda assim, visto melhorias nas últimas semanas, mas estas podem estar em risco agora que novas variantes do vírus, mais contagiosas, têm sido verificadas por toda a nação.

“Por favor, oiçam-me com atenção: ao nível a que se estão a espalhar as infeções causadas por novas estirpes, arriscamos perder completamente todo o terreno que ganhámos”, alertou na segunda-feira Rochelle Walensky, diretora do Centro para Prevenção e Controlo de Doenças dos EUA.

Após semanas de descida no número de contágios, as novas infeções estão novamente a subir. Na passada semana, os casos aumentaram cerca de dois por cento relativamente à semana anterior. O mesmo aconteceu com o número de vítimas mortais, que passou para cerca de duas mil por dia.
Estirpes levantam preocupações, vacinas trazem esperança
A incerteza provocada pelas novas variantes do vírus tem sido, porém, mitigada pela esperança depositada nas vacinas, especialmente depois de a vacina da Johnson & Johnson ter sido aprovada nos Estados Unidos.

Cerca de 3,9 milhões de doses desta vacina recém-aprovada vão ser distribuídas por todos os Estados norte-americanos, avançou no domingo um membro da Administração Biden. “Essas doses da Johnson & Johnson vão ser distribuídas já na terça-feira de manhã”, assegurou.

Esta vacina traz a particularidade de necessitar de apenas uma dose para garantir a eficácia, ao contrário das restantes até agora aprovadas, administradas em duas doses. “Além disso, esta vacina não precisa de ser mantida num congelador, pode ser armazenada a temperaturas refrigeradas. Por isso é fácil de transportar e de armazenar, permitindo uma maior disponibilidade entre as comunidades”, relembrou Rochelle Walensky.

Os Estados Unidos registam, até ao momento, quase 29 milhões de casos acumulados de Covid-19 e mais de 515 mil mortes. Foram dadas como recuperadas 13,6 milhões de pessoas desde o início da pandemia.
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