Covid-19. Guterres preocupado com América Latina e Caraíbas

por Mário Aleixo - RTP
António Guterres revelou a sua preocupação sobre os efeitos da pandemia na América Latina e Caraíbas Michael Kappeler - Reuters

A América Latina e as Caraíbas estão a sofrer um enorme impacto com a pandemia da Covid-19, que deve resultar "na mais profunda recessão da memória viva", afirmou o secretário-geral das Nações Unidas.

A região tornou-se "um ponto quente" para a pandemia da Covid-19, com vários países a terem agora uma das mais altas taxas de infeção per capita, indicou Antonio Guterres na quinta-feira, durante um vídeo de apresentação de um relatório em que se aponta uma contração de 9,1% do PIB este ano na região.

"A Covid-19 representa um enorme choque sanitário, social e económico, com um imenso impacto humano para os países da América Latina e das Caraíbas", esperando-se que resulte "na mais profunda recessão da memória viva", disse.

Segundo o relatório, espera-se que o desemprego na região aumente para 13,5 por cento em 2020, contra 8,1 em 2019, afetando mais de 44 milhões de pessoas.

A taxa de pobreza deverá aumentar de 30,2 para 37,2 por cento, o que significa que 230 milhões de pessoas serão afetadas.

As pessoas mais vulneráveis da região "estão de novo a ser atingidas com mais força" pela Covid-19, sublinhou.

"As mulheres, que constituem a maioria da mão-de-obra nos setores económicos mais afetados, devem agora também suportar o peso da prestação de cuidados adicionais", disse Guterres.

O responsável máximo da ONU disse ainda que os povos indígenas, os de origem africana, os migrantes e os refugiados, "também sofrem desproporcionadamente".

A curto prazo, disse Guterres, os governos deveriam considerar a possibilidade de proporcionar às pessoas que vivem na pobreza rendimentos básicos de emergência e subsídios anti-fome.

Para isso, os governos teriam de fornecer o rendimento equivalente ao limiar de pobreza da região, cerca de 140 dólares por mês, aponta o relatório.

O custo estimado para seis meses ascenderia a 1,9 por cento do PIB regional.

Ao mesmo tempo, disse Guterres, é urgente um maior apoio internacional. "Para a América Latina e as Caraíbas, a comunidade internacional deve fornecer liquidez, assistência financeira e alívio da dívida", frisou.
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