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Covid-19. Nova onda de casos em Tóquio a menos de um mês dos Jogos Olímpicos

por Andreia Martins - RTP

Na capital japonesa, o ressurgimento de novos casos de Covid-19 vem aumentar os receios de uma vaga da pandemia no país, quando faltam pouco mais de três semanas para o início dos Jogos Olímpicos de Verão.

Na segunda-feira, Tóquio registou 317 novos casos, o que evidencia uma tendência de crescimento da pandemia desde o mesmo dia da semana passada, quando se registaram 81 casos.

Este aumento de casos, a par das evidências de maior prevalência da variante Delta na cidade, vem aumentar as probabilidades e os receios de Tóquio continuar sujeita a medidas de emergência no início das Olimpíadas, a 23 de julho.

“O número de novas infeções na capital e noutros locais da área metropolitana de Tóquio está com uma tendência claramente crescente”, admitiu o ministro responsável pela resposta à situação da pandemia no Japão, Yasutoshi Nishimura.

O responsável adiantou ainda que o Governo não irá hesitar em impor um novo estado de emergência no país se for necessário, perante os receios de uma nova vaga da pandemia devido ao impacto da variante Delta, mais transmissível, com origem na Índia.

Desde 20 de junho que o Japão tinha relaxado as medidas de controlo da pandemia na capital, perante os avanços da vacinação, mas mantendo ainda assim algumas restrições. Os restaurantes e bares estão autorizados à venda de bebidas alcoólicas até às 19h00 e encerram uma hora depois.    

Na segunda-feira, o chefe do Comité Olímpico Japonês, Yasuhiro Yamashita, alertou para a necessidade de aumentar os controlos fronteiriços durante a competição de forma a prevenir uma maior disseminação da Covid-19.

Em conferência de imprensa, o responsável salientou ainda a importância de exigir um período de quarentena às delegações de certos países aquando da entrada no Japão, nomeadamente à da Índia.
Segurança em vez de medalhas

As delegações já começaram a chegar ao país e, nos últimos dias, a delegação do Uganda registou dois testes positivos à Covid-19. Os dois atletas tinham sido vacinados e testados antes de partirem para Tóquio, mas ainda assim contraíram a infeção. Ambos têm a variante Delta, avança a imprensa local.

“Não importa as medidas que adotarmos. Vão entrar pessoas infetadas, é inevitável. O controlo apertado nas fronteiras e aeroportos é extremamente importante”, admitiu Yasuhiro Yamashita.

Como país anfitrião, o foco do Japão nesta competição será a segurança dos atletas vindos de todo o mundo que permita a realização da prova e não a conquista de medalhas. A garantia é do presidente do Comité Olímpico japonês, que ainda antes da pandemia tinha definido como meta a conquista de 30 medalhas de ouro pelo país.

"Se me perguntam sobre se é importante alcançarmos as 30 medalhas, digo claramente que não. (...) Não estou a pensar em medalhas. Para mim, o sucesso é que muitas pessoas, em dificuldades nos seus países devido à pandemia, se sintam fortalecidas pelo desempenho e pelas conquistas dos seus atletas", afirmou Yasuhiro Yamashita.

O Japão registou quase 800 mil casos de Covid-19 e 14.700 mortes desde o início da pandemia, apresentando uma das maiores taxas de mortalidade da região.

Nos últimos meses, várias sondagens têm mostrado a forte oposição pública em Tóquio - e em todo o país – ao acolhimento de um evento com a dimensão dos Jogos Olímpicos em contexto de pandemia.

Nesse âmbito, a atuação do Comité Olímpico Internacional (COI) tem sido alvo de muitas críticas por parte da opinião pública japonesa. Em maio, as declarações do vice-presidente John Coates causaram polémica no país, quando o responsável garantiu que os Jogos Olímpicos decorreriam no Japão mesmo que o país estivesse em estado de emergência.

“Todas as medidas que estamos a adotar vão garantir a segurança dos Jogos, independentemente de haver ou não estado de emergência”, afirmou o responsável. “Desde que consigamos proteger o povo japonês, o mais importante é dar aos atletas a oportunidade de competirem”, acrescentou ainda o vice-presidente do COI.

Os Jogos Olímpicos começam a 23 de julho e terminam a 8 de agosto. A competição deveria ter decorrido em 2020 mas foi adiada para este ano devido à pandemia.
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