Covid-19. Peregrinação a Meca muito reduzida e com medidas de precaução

por RTP
O Hajj é uma das cinco práticas mais importantes do Islão. Reuters

A grande peregrinação a Meca inicia-se esta terça-feira, com contornos muito diferentes dos habituais. Desta vez, devido à pandemia de Covid-19, apenas participarão no Hajj cerca de dez mil peregrinos, número muito inferior aos dois milhões que habitualmente o fazem.

Os dez mil peregrinos escolhidos são residentes na Arábia Saudita, uma vez que este ano não é permitida a participação de estrangeiros, a não ser que estes habitem no reino. Todos serão submetidos a verificação de temperatura corporal e testes à Covid-19 quando chegarem a Meca.

Todos os participantes tiveram ainda de realizar uma quarentena de 14 dias antes de darem início à peregrinação e terão de o fazer novamente no final. Durante todo o ritual religioso será obrigatória a utilização de máscara.

Cada um recebeu um estojo com pedras para o ritual de lapidação de Satã, desinfetantes, máscaras, um tapete de oração e o ihram, a simples veste branca que todos os peregrinos devem usar no ritual.

Também como medida de precaução, os peregrinos não estão autorizados a tocar na Caaba, pedra negra que se encontra no exterior da mesquita de Meca e que costuma ser tocada e beijada pelos participantes.

Segundo as autoridades sauditas, foram deslocadas clínicas móveis e ambulâncias para enfrentar qualquer eventualidade na cidade sagrada.

Os meios de comunicação estrangeiros não receberam autorização para acompanhar a celebração deste ano, tendo o Governo saudita decretado o controlo do acesso à cidade mais sagrada do Islão. O Hajj é uma das cinco práticas mais importantes do Islão. Cada muçulmano com condições que o permitam deve participar pelo menos uma vez na sua vida neste ritual religioso.

Desde que a pandemia chegou à Arábia Saudita fez nesse país um total de 270 mil infetados e três mil mortes, uma das taxas mais elevadas do Médio Oriente. Apenas no mês passado foi levantado o confinamento nacional que decorria desde março e que incluía o recolhimento obrigatório na maioria das cidades do reino.

Apesar da pandemia, diversos fiéis consideram que a peregrinação será mais segura este ano, longe das multidões que provocam complicações logísticas e agravam os riscos de acidentes mortais.

Num país onde o turismo religioso garante anualmente 12 mil milhões de dólares (cerca de 10,3 mil milhões de euros), a celebração de um Hajj reduzido pode ameaçar a economia da Arábia Saudita, que já sofreu um recuo devido à queda dos preços do petróleo durante a pandemia.

O país decidiu, por essa razão, adotar medidas de austeridade, triplicando o IVA, suspendendo os apoios sociais e impondo outros cortes orçamentais.

As autoridades esperam agora recuperar as retribuições perdidas até ao próximo Hajj com a ajuda do regresso da Omra, pequena peregrinação que foi suspensa em março e que atrai mensalmente a Meca dezenas de milhares de fiéis, podendo decorrer em qualquer momento do ano.

c/ agências
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