Espanha. Áreas metropolitanas enfrentam segunda vaga da Covid-19

por RTP
Nacho Doce - Reuters

Madrid continua a ser a comunidade autónoma com o maior número de infeções em Espanha, o que levou o governo regional a decidir impor novas restrições a partir desta segunda-feira. Mas não é apenas na capital espanhola que os números de casos continuam a aumentar exponencialmente. Talavera, Salamanca, Girona, Vitória e várias outras áreas metropolitanas estão a ser afetadas pela segunda vaga da Covid-19, tendo taxas de incidência quase semelhantes à de Madrid.

A Comunidade de Madrid já tinha sido a mais afetada na primeira vaga da doença provocada pelo novo coronavírus. Mas esta segunda onda está a atingir grande parte das áreas metropolitanas espanholas, onde a incidência do vírus é, muitas vezes, quase o dobro do que nas cidades mais pequenas das comunidades.

As áreas metropolitanas são, portanto, o grande foco da covid-19 nesta segunda vaga, avança esta segunda-feira o El País. Em Madrid e em toda a zona urbana a incidência é de cerca de 600 casos por 100 mil habitantes, sendo ainda a região com maior número de infeções reportadas diariamente. Mas nas áreas metropolitanas de Talavera, de Salamanca e da Cidade Real a situação não é muito diferente, rondando todas estas zonas os 500 casos por 100 mil habitantes, nos últimos 14 dias.

Valladolid regista uma incidência de mais de 480 casos, Girona de 474 e as três capitais bascas cerca de 350 infeções por 100 mil habitantes. Segundo a publicação, também as comunidades de Navarra e La Rioja apresentam taxas de incidência do vírus muito semelhantes à de Madrid, e Pamplona regista cerca de 465 casos.

Aliás, das dez regiões europeias com mais vírus, nove são espanholas: Madrid, Navarra, Castela de la Mancha, La Rioja, Melilha, País Basco, Murcia, Aragão e Castela e Leão.

Mas não é por acaso que as grandes zonas urbanas são as mais afetadas pelo novo coronavírus. Como o epidemiologista Manuel Franco explicou ao jornal espanhol, "a cidade constrói-se na base da interação, qualquer atividade exige movimento e convívio: trabalho, estudo ou lazer".

De facto, após o confinamento a maioria das cidades tentou retomar a normalidade e as atividade habitual. "O que deve ser feito, tentando centrar o movimento todo para fora e evitar espaços fechados, que é o oposto do modus operandi normal de uma cidade", esclareceu ainda o professor de Epidemiologia e Saúde Pública da Universidade de Alcalá.
Infeções aumentam nas zonas urbanas

Depois de uma primeira vaga da Covid-19 devastadora em Madrid, a capital espanhola começou a ver os números a recurar no início do verão. Mas em agosto, com o fim das férias de muitos, as infeções pelo novo coronavírus voltaram a disparar e a taxa de incidência na Comunidade de Madrid aumentou 15 vezes mais.

Nas primeiras semanas de setembro, o índice manteve-se e em toda a região metropolitana a incidência de duas semanas ultrapassa os 530 casos por 100 mil habitantes.

Por isso, o governo de Madrid decidiu impor novas restrições implementadas em 37 zonas da cidade para conter a propagação do novo coronavírus, como a colocação de restrições nos bairros com maiores rácios de contágio. Esta segunda-feira entram em vigor as novas medidas que afetam a liberdade de movimento de cerca de 850 mil pessoas, ou seja 13 por cento dos habitantes da área metropolitana.

Segundo as novas regras, a população afetada poderá sair do seu bairro para ir trabalhar, para ir ao médico ou levar os filhos à escola, e o número de pessoas que se podem reunir é reduzido de dez para seis.

O encerramento de jardins e parques é outra das medidas anunciadas para ser implementada em 37 áreas sanitárias da capital espanhola, uma cidade que tem cerca de 6,6 milhões de habitantes num total nacional de 47 milhões.

No interior dessas zonas continua a ser possível circular, mas haverá uma redução da capacidade dos estabelecimentos de 50 por cento, em termos gerais. Além disso, as autoridades sanitárias também farão controlos aleatórios e de caráter dissuasor para reforçar o cumprimento destas regras.

Na zona urbana da capital, os números aumentam em todos os municípios, mas de forma desigual. De facto, as periferias da capital e o cinturão industrial tradicional apresentam os maiores índices de contágio.

Os municípios de Parla, Humanes ou Moraleja de Enmedio, por exemplo, ultrapassam os mil casos por 100 mil habitantes. Na capital, a incidência em bairros como Puente de Vallecas, Villaverde ou Usera já ultrapassou, nas últimas duas semanas os mil casos.

Ainda esta segunda-feira, a presidente da comunidade autónoma de Madrid irá pedir a Pedro Sanchez que o Exército garanta que as medidas restritivas impostas nas 37 zonas sanitárias da capital espanhola sejam cumpridas, avançou o El Mundo.

O jornal, que cita fontes do governo de Madrid, refere também que Ayuso irá pedir ainda que os profissionais de Saúde realizem testes rápidos à Covid-19 a quase um milhão de pessoas.

Também na área metropolitana de Barcelona ​​a mobilidade passou a ser restrita e as recomendações foram feitas após ultrapassar 100 casos por 100 mil habitantes, em meados de julho, e foram estendidas e ampliadas duas semanas depois, quando a incidência foi de mais de 200 casos.

Mas em Talavera de La Reina, Cidade Real e Toledo observa-se também, nos centros urbanos, um grande crescimento de casos nas últimas duas semanas. Os casos têm aumentado continuamente desde o início de agosto e agora a incidência ultrapassa os 400 casos por 100 mil habitantes.

Em Toledo os hospitais até já começaram a preparar-se para evitar um potencial colapso.

Embora com menos casos, as zonas urbanas de Valladolid e Salamanca também têm sido reportado um aumento visivel de infeções. No início de setembro, estas regiões voltaram a impor restrições semelhantes às da primeira vaga do vírus, mas a incidência dos últimos 15 dias ainda é de cerca de 500 casos por 100 mil habitantes.

Espanha registava, até sexta-feira, mais de 640 mil casos de covid-19, de que resultaram 30.495 mortos.
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