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Estado da Nação. Saúde física e mental dos portugueses sofreu impacto da pandemia

por Joana Raposo Santos - RTP
Quinze por cento dos inquiridos numa sondagem da Universidade Católica afirmaram que a sua saúde física está agora pior do que antes da pandemia. Foto: Rafael Marchante - Reuters

A pandemia de Covid-19 veio alterar a vida dos portugueses em vários campos, da economia à educação e passando, inevitavelmente, pela saúde. Na semana em que se debate o Estado da Nação, uma sondagem da Universidade Católica para a RTP e o jornal Público conclui que muitos cidadãos notaram diferenças na saúde física e mental desde a chegada do novo coronavírus.

A quarentena domiciliária imposta por todo o país durante o estado de emergência obrigou os portugueses a adaptarem os seus hábitos. A realização de exercício tornou-se mais difícil, houve menos margem para passeios e, nas clínicas e hospitais, muitas consultas foram adiadas.

Esta combinação de fatores poderá ser, pelo menos em parte, a justificação para que 15 por cento dos inquiridos na sondagem da Universidade Católica tenham afirmado que a sua saúde física está agora pior do que antes da pandemia.

São mais as mulheres (19 por cento) do que os homens (11 por cento) a queixarem-se neste aspeto, “padrão já encontrado em inquéritos anteriores”, segundo o relatório. A faixa etária com mais pessoas a sentirem-se pior do que antes é a dos +65 anos (19 por cento), seguida da dos 55-65 anos (17 por cento).

Por outro lado, 79 por cento dos inquiridos disseram sentir a sua saúde física igual e seis por cento disseram senti-la melhor do que antes de a pandemia ter início, revela a sondagem realizada pelo Centro de Estudos e Sondagens de Opinião (CESOP) da Universidade Católica Portuguesa para a RTP e o Público.
Números da saúde mental mais preocupantes
Mas não só a saúde física da população terá sofrido o impacto do confinamento. A incerteza, a preocupação, a mudança repentina e os novos constrangimentos terão também surtido um efeito negativo na saúde mental de muitos portugueses.

Segundo a sondagem, os números da saúde mental são mais preocupantes do que os da saúde física, com o dobro de inquiridos a dizer sentir-se pior do que antes da pandemia: 30 por cento.

Esta sensação é mais prevalente nas mulheres (34 por cento) e nos jovens. Entre os inquiridos na faixa etária dos 18-24 anos, 48 por cento consideram que a sua saúde mental piorou. Já a faixa etária com menos pessoas a dizerem sentir-se pior foi a dos +65 anos, com 17 por cento.

Por outro lado, oito por cento dos inquiridos disseram sentir melhorias na sua saúde mental e 62 por cento disseram senti-la igual.
Confiança no SNS mantém-se
Em tempos de pandemia, o Serviço Nacional de Saúde tem sido posto à prova, com os números dos internamentos a aumentarem e com mais pessoas a pedirem ajuda pela linha SNS24. Apesar destas e de outras dificuldades, a maioria dos inquiridos considerou que a resposta do SNS perante a crise pandémica tem sido positiva.
Sandra Machado Soares, Rodrigo Lobo, Dores Queirós - RTP

Dos 1217 inquiridos, 38 por cento consideraram “razoável” a resposta do Serviço Nacional de Saúde e 37 por cento consideraram-na “boa”. A classificação de “muito boa” foi dada por 14 por cento dos participantes. Outros seis por cento responderam que foi “má” e quatro por cento “muito má”.

Ainda sobre o SNS, os inquiridos foram questionados sobre se consideram que este serviço “vai ser capaz de aguentar uma segunda vaga”. As respostas revelam confiança no Serviço Nacional de Saúde, mas ainda assim a Universidade Católica salienta que “a dúvida está instalada na sociedade portuguesa”.

Foram 41 por cento os que responderam “provavelmente sim”, contra 28 por cento que responderam “provavelmente não”. Outros 15 por cento acreditam que “de certeza que sim”, contrastando com os oito por cento que consideram que “de certeza que não”. Oito por cento não quiseram responder.
Portugueses divididos quando à evolução da saúde
Por fim, a sondagem concluiu que os cidadãos se dividem quanto à expetativa de evolução da saúde em Portugal daqui por dois anos.

Em função daquilo que hoje conhecem, 34 por cento dos participantes acreditam que a saúde vai manter-se igual, 33 por cento defendem que vai piorar e 29 por cento creem que vai melhorar.

A Universidade Católica ressalvou que não se observam diferenças nas respostas em função de características socioeconómicas.
Ficha técnica
Os 1217 participantes desta sondagem foram selecionados aleatoriamente, através de uma lista de números de telefone fixo e de telemóvel, 34 por cento da região Norte, 21 por cento do Centro, 31 por cento da Área Metropolitana de Lisboa, seis por cento do Alentejo, quatro por cento do Algarve, dois por cento da Madeira e dois por cento dos Açores.

Todos os resultados obtidos foram depois ponderados de acordo com a distribuição da população por sexo (50 por cento foram mulheres), escalões etários, grau de escolaridade e região com base no recenseamento eleitoral e nas estimativas do INE.
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