EUA. Multidões invadem praias e lagos sem distanciamento social

por Joana Raposo Santos - RTP
Este fim de semana surgiu como pretexto ideal para fugir ao calor por anteceder o feriado norte-americano do Memorial Day. Foto: Eugene Garcia - EPA

Milhares de pessoas aproveitaram o fim de semana prolongado nos Estados Unidos para se deslocarem a praias e lagos, ignorando as regras de distanciamento social impostas devido à pandemia de Covid-19. As enchentes aconteceram numa altura em que o número de mortes nos EUA se aproxima de 100 mil.

Flórida, Califórnia, Maryland, Geórgia, Virgínia e Indiana foram alguns dos Estados onde, face às temperaturas elevadas, multidões sem máscaras e sem distância de segurança encheram praias, apesar de as autoridades de saúde já terem frisado a importância de cumprir com as regras para evitar a propagação do novo coronavírus.

Este fim de semana surgiu como pretexto ideal para fugir ao calor por anteceder o feriado norte-americano do Memorial Day, que acontece na última segunda-feira de maio e homenageia os militares que morreram em combate.

Em Daytona Beach, cidade da Flórida, multidões ocuparam não só as praias como a avenida principal. O presidente da Câmara, Derrick Henry, explicou que o elevado número de pessoas limitou a ação da polícia.

“As pessoas não estavam a praticar o distanciamento social e não responderam como desejávamos. Quando um polícia tem de controlar entre 300 a 500 pessoas, torna-se difícil”, afirmou à CNN.

No Missouri, centenas de pessoas foram a uma festa na piscina, apenas dias depois de um evento semelhante em Arkansas ter despoletado um surto de Covid-19 e contribuído para que o Estado esteja agora a experienciar um novo pico de casos.


Não só as praias e piscinas foram alvo de enchentes. Na Carolina do Norte, a pista de corridas Ace Speedway reuniu milhares de pessoas, muitas também sem usar máscara nem cumprir com o distanciamento. Um dos proprietários da pista afirmou à CNN que foi permitida a entrada de 2500 pessoas, o equivalente a metade da capacidade do espaço.

“As pessoas têm o direito de escolher onde vão e o que fazem”, defendeu. Uma das espetadoras presentes na pista no sábado disse à CNN estar “farta de ficar em casa” e não ter “nem um bocadinho de medo deste vírus”.

Também os bares foram um dos sítios de eleição para quem quis aproveitar o fim de semana prolongado. No Missouri, os bares junto ao Lago de Ozarks, onde várias pessoas estiveram durante o dia, ficaram cheios à noite.

A presidente da Câmara de Saint Louis, no Missouri, considerou “irresponsável e perigosa” a atitude das pessoas que tiveram “um comportamento de tão alto risco apenas para se divertirem” e teme que, agora, essas mesmas pessoas “regressem às suas casas levando consigo a possibilidade de mais casos positivos, hospitalizações e mortes”.

Já o Presidente Donald Trump comemorou o Memorial Day no Cemitério Nacional de Arlington, o mais conhecido cemitério militar dos EUA, e num evento na cidade de Baltimore, onde aproveitou para prestar homenagem às vítimas do novo coronavírus.

“Como nação, fazemos luto ao lado de todas as famílias que perderam entes amados, incluindo as famílias dos nossos grandes veteranos”, declarou o líder. “Juntos venceremos o vírus. A América irá ultrapassar esta crise e atingir novos e maiores patamares”.
Distanciamento é “absolutamente crítico”
Deborah Birx, uma das especialistas da task force da Casa Branca para o combate à Covid-19, disse estar “muito preocupada” com as enchentes que se verificaram no fim de semana. “Queremos ser muito claros: o distanciamento social é absolutamente crítico. E se não o puderem cumprir e estiverem no exterior, devem usar máscara”, explicou em direto na estação ABC.

“Podem ir à praia desde que mantenham dois metros de distância em todas as direções e devem lembrar-se de que esse é o seu espaço, o espaço necessário para que estejam protegidas”, acrescentou.

O vice-presidente norte-americano, Mike Pence, também se mostrou preocupado, referindo que as pessoas “devem lembrar-se da importância do distanciamento e da higiene regular”. Demonstrou, no entanto, alguma confiança nos norte-americanos: “Estamos confiantes de que, conforme as restrições são levantadas, a população vai fazer o país andar de uma forma segura e responsável”.

Enquanto algumas das áreas mais afetadas pelo novo coronavírus nos Estados Unidos começam agora a recuperar, como Nova Iorque, Nova Jérsia ou Washington, outros Estados estão a atingir picos de casos de infeção.

Os Estados Unidos continuam a ser o país mais atingido pelo novo coronavírus, contando com mais de 1,6 milhões de infetados e 98 mil mortes. O número de recuperados é atualmente de 360 mil.
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