EUA. Um milhão de crianças testaram positivo à covid-19 numa só semana

por Joana Raposo Santos - RTP
Com o aumento de casos entre crianças, muitas escolas passaram já do ensino presencial para o virtual. Kaylee Greenlee Beal - Reuters

Numa altura em que a variante Ómicron já se infiltrou nos Estados Unidos, o número de crianças com covid-19 está a atingir recordes nesse país, onde a vacinação de menores está atrasada. No Estado de Oklahoma, a maioria das escolas encerraram e passaram para ensino virtual, mas algumas continuam a resistir, aumentando a preocupação entre pais e professores.

Na segunda semana de janeiro, quase um milhão de crianças testaram positivo à covid-19 nos Estados Unidos – um aumento de 69 por cento em relação à semana anterior e quatro vezes superior ao pico da pandemia no último inverno, segundo a Academia Americana de Pediatria.

Foram, mais precisamente, 981 mil as crianças contagiadas nos EUA no pico registado este mês. Estes dados significam que um em cada dez casos de covid-19 entre crianças durante toda a pandemia – ou seja, desde o início de 2019 – ocorreu na segunda semana de janeiro de 2022.

Esta subida pode ser explicada pelo atraso na vacinação desta faixa etária no país, onde apenas 18,8 por cento das crianças entre os cinco e os 11 anos já têm a vacinação completa, de acordo com o Centro norte-americano para o Controlo e Prevenção de Doenças.

As hospitalizações entre crianças nos Estados Unidos estão também a aumentar, apesar de a doença grave e a morte serem menos prováveis entre estes menores do que entre adultos.

“Milhares e milhares de crianças estão a ficar infetadas”, alertou ao Guardian a pediatra Almaz Dessie, relembrando que “a vacinação é uma das maiores estratégias de saúde pública para lutarmos contra esta pandemia”.

“É assustador ser pai neste momento e ter de constantemente tomar decisões pelos filhos. Tudo parece ser um risco”, explicou, aproveitando para frisar que os raros efeitos secundários das vacinas “são muito pequenos em comparação com os riscos da covid-19”.

“Não sabemos o que significa a longo prazo para as crianças a infeção com covid-19”, salientou a pediatra. Além disso, “quando mais vacinarmos, no país e no resto do mundo, menos provável é que apareçam novas variantes”.
Escolas em Oklahoma recusam-se a impor ensino virtual
Com o aumento de casos entre crianças, muitas escolas passaram já do ensino presencial para o virtual. No Estado do Oklahoma, a maioria dos estabelecimentos de ensino estão já encerrados, mas um grupo de escolas continua a resistir, causando preocupação entre pais e docentes.

Trata-se do grupo de escolas públicas da cidade de Moore, que “tem mostrado pouca empatia”, denunciou uma das encarregadas de educação que organizaram um protesto já em agosto passado, apelando à transição para o ensino virtual.

Na altura, quando os casos de covid-19 cresciam também a um ritmo preocupante, “havia professoras grávidas a chorarem e implorarem para darem aulas online porque não havia forma de manter o distanciamento social na escola”, explicou Chassady Waldo à estação de notícias News9.

“Até tirámos fotografias às salas de aula para mostrarmos como não era possível manter o distanciamento. Mas [a direção] não mostrou qualquer empatia”, continuou. “Agora, dois meses depois de ter começado o novo semestre, percebemos que este problema continua”.

Em sua defesa, a escola respondeu em comunicado que “sentiu o impacto do aumento de ausências dos estudantes e dos funcionários, mas nem todas essas ausências se devem à covid-19”.

Segundo as escolas de Moore, “gripe, alergias e outras doenças comuns no inverno, especialmente depois de uma interrupção letiva de duas semanas, são as principais razões para as ausências”.

“Cada uma das nossas 35 escolas segue os protocolos de segurança e saúde”, assegurou o grupo de estabelecimentos públicos de ensino, pelo que, “nesta altura, continuaremos com aulas presenciais”.

“Estamos a enfrentar o atual desafio do absentismo da melhor forma possível, colocando administradores e outros profissionais nos cargos que estão por preencher, desde as salas de aula às cantinas”, explicou o agrupamento.
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