Flexibilização da "covid zero". "Pequim prepara-se novamente para a vida"

por Carla Quirino - RTP
Wu Hao - EPA

A notícia de primeira página do jornal estatal China Daily anuncia esta terça-feira que "Pequim prepara-se novamente para a vida", refletindo a nova abordagem governativa face aos surtos de covid-19.

Pequim deixou de exigir a apresentação de testes com resultado negativo ao SARS-CoV-2 para se entrar em supermercados e escritórios. É uma das normas que entra em vigor esta semana, demonstrando um recuo na aplicação de medidas de controlo, apesar do aumento de novos casos covid-19.

"Pequim prepara-se novamente para a vida", avança uma manchete do jornal estatal China Daily, citado na publicação britânica The Guardian. Na notícia também é sublinhado que as pessoas estão “gradualmente a abraçar” o lento retorno à normalidade.

No início da semana, cidades como Pequim, Xangai, Zhengzhou e Shenzhen levantaram algumas restrições pandémicas, abdicando, por exemplo, da obrigatoriedade do teste negativo para embarcar em transportes públicos.
Antena 1

“Este pode ser o primeiro passo para a reabertura desta pandemia”, disse o morador de Pequim Hu Dongxu, de 27 anos, enquanto validava o cartão de viagem para entrar no metro. O centro da cidade está a ganhar nova rotina com alguns supermercados já sem os avisos da exigência dos testes negativos.

Grande parte das lojas abriu num dos maiores centros comerciais de Pequim, também já sem a necessidade de apresentação dos resultados negativos.

A mudança de regras restritivas foi tão repentina que apanhou restaurantes desprevenidos. Um empregado da restauração afirmou que continuava apenas a servir refeições take away, apesar de já ser permitido jantar no local, por falta de tempo para recrutar pessoal.

Cerca de metade dos cinemas também já reabriram as portas, exibindo o segundo filme Avatar, o caminho da água.


Yicai Global

A flexibilização da política de covid zero surge depois das grandes manifestações no fim de novembro contra as restrições aplicadas.

Dias depois dos protestos sem precedentes, as autoridades suavizaram o discurso sobre a gravidade do vírus, aproximando a China do resto do mundo. A intenção será agora abandonar as restrições e optar por viver com a covid-19, como tem acontecido globalmente.

O vice-primeiro-ministro Sun Chunlan já reconheceu que a China está a enfrentar “uma nova situação”, à medida que a variante Ómicron enfraquece e os danos causados pelo novo vírus "diminuiu".

Seguiu-se Tong Zhaohui, diretor do Instituto de Doenças Respiratórias de Pequim, que observou que a última variante do Ómicron causou menos casos de doenças graves do que o surto global de gripe de 2009, de acordo a televisão estatal chinesa.

A estratégia das autoridades na mudança do discurso favorável continua na comunicação social chinesa que acentua agora a necessidade de vacinação.

“O período mais difícil já passou”, diz a agência oficial de notícias Xinhua, que faz eco do enfraquecimento da patogenicidade do vírus e dos esforços para vacinar 90 por cento da população, sendo este o grande desafio para o presidente Xi Jinping.
pub