"Momento crucial". África assiste a aumento de infeções e mortes por Covid-19

por RTP
Até agora, nos 55 Estados-membros da União Africana foram registados cerca de 1,6 milhões de casos. Thomas Mukoya - Reuters

África enfrenta "um momento crucial" na luta contra a pandemia do novo coronavírus, com os números de casos de infeção e de mortes a aumentarem após o alívio de restrições no continente, alerta a Organização Mundial da Saúde. As autoridades de saúde africanas receiam que o agravamento da crise pandémica na Europa venha a prejudicar ainda mais esta situação, tendo em conta a possibilidade de casos importados.

Nos últimos 30 dias, os contágios aumentaram em média sete por cento a cada semana, enquanto os óbitos por Covid-19 subiram oito por cento, de acordo com dados do Centro Africano de Prevenção e Controlo de Doenças (CDC), agência especializada da União Africana.

“Estamos, de facto, num momento crucial da pandemia em África. Apesar de o continente ter experienciado uma tendência decrescente na sua curva epidémica nos últimos três meses, esse declínio inverteu-se recentemente”, alertou Matshidiso Moeti, diretora da OMS em África, numa conferência de imprensa.

A responsável mostrou também preocupação em relação ao aumento de casos na Europa, por receio de que este possa afetar o continente africano.

“Sabemos que existe uma relação muito próxima entre África e Europa e sabemos também que a importação [de casos de Covid-19] em virtualmente todos os países africanos aconteceu da Europa”, frisou.

“Portanto estamos preocupados com esta subida europeia ao mesmo tempo em que reabrimos África aos viajantes em trabalho e aos turistas”.

No entanto, em comparação com o início da pandemia, os países africanos “estão agora numa posição muito melhor para atacar os novos desafios que a Covid-19 lança no seu caminho”, considerou Moeti, mencionando um grande aumento dos locais de testagem e de ventiladores.
Casos em África representam 4,2 por cento do total mundial
John Nkengasong, diretor do CDC africano, frisou por sua vez que muitos países europeus onde os casos têm aumentado estão agora a ser pressionados para aplicarem novamente as medidas de contenção que tinham já levantado, algo que não pode acontecer em África.

“Estamos a assistir ao que está a acontecer na Europa conforme [os países] aliviam as suas medidas. O número de casos aumentou e muitas nações estão a consideram um segundo confinamento. Nós não nos podemos permitir que isso nos aconteça”, alertou.

“Não podemos deixar que este vírus rebente os progressos que fizemos nos últimos meses”, acrescentou o responsável.

Até agora, nos 55 Estados-membros da União Africana foram registados cerca de 1,6 milhões de casos, o que representa 4,2 por cento do total global, segundo o CDC africano. O número total de óbitos situa-se em 39 mil, o equivalente a 3,6 por cento do total em todo o mundo.

Os casos na África do Sul representam quase metade das infeções no continente africano. Países do norte de África, como Marrocos, Tunísia e Líbia são alguns dos quais têm vindo a verificar aumentos consideráveis nas últimas semanas.

c/ agências internacionais
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