Moody`s desce `rating` de cinco bancos sul-africanos

por Lusa

A agência de notação financeira Moody`s anunciou hoje que desceu o `rating` de cinco bancos sul-africanos na sequência da descida da opinião sobre a qualidade de crédito soberano do país, na passada sexta-feira.

"As ações de `rating` hoje tomadas sobre os cinco maiores bancos sul-africanos (Standard Bank, FirstRand, ABSA, Nedbank e Investec) refletem a deterioração na qualidade de crédito país emissor, tal como indicado na degradação do `rating` de Ba1 para Ba2", na sexta-feira, lê-se numa nota divulgada hoje, que baixa a notação destas instituições para Ba2.

"O enfraquecimento do perfil de crédito do país soberano [onde estes bancos operam] tem implicações diretas para os bancos devido ao significativo envolvimento com as finanças públicas e ao gradual enfraquecimento do perfil de crédito isolado dos bancos num contexto em que a pandemia de covid-19 aumenta o já de si difícil ambiente operacional da África do Sul", acrescentam os analistas da Moody`s.

Na sexta-feira, a Moody`s desceu o `rating` da África do Sul, num dia em que também a Fitch desceu a avaliação e a Standard & Poor`s manteve a nota, todas mais de um nível abaixo da linha que separa os países mais credíveis daqueles que, na opinião destes analistas, podem ter dificuldades em pagar a dívida emitida.

O ministro das Finanças da África do Sul reagiu à descida do `rating` pelas agências de notação financeira Fitch e Moody`s considerando que as decisões foram "dolorosas", mas mostram a necessidade de acelerar as reformas económicas.

"As decisões da Fitch e da Moody`s foram dolorosas", admitiu Tito Mboweni na sequência da decisão das agências de `rating`, que assim afundam a economia mais industrializada da África subsaariana em território especulativo, ou `lixo`, como é geralmente conhecido.

"Há uma necessidade urgente de o Governo implementar as reformas económicas estruturais para evitar mais danos para o `rating` soberano do país", escreveu o ministro, num comunicado de resposta à ação de `rating` por duas das três maiores agências de notação financeira a nível global.

A África do Sul registará um défice orçamental de 15% no ano fiscal que termina em março de 2021, o maior desde o tempo da segregação racial, enfrenta uma recessão económica que começou antes da pandemia e tem uma dívida de 260 mil milhões de dólares, o equivalente a 63,3% do Produto Interno Bruto (PIB), com o rácio da dívida sobre o PIB a dever aumentar para 90% nos próximos três, o pior registo mundial deste indicador olhado muito de perto pelos investidores e credores.

Com a descida do `rating`, os custos de financiamento e de serviço da dívida vão aumentar e o Governo terá ou de cortar na despesa pública ou aumentar os impostos, disse o Ministério das Finanças, numa altura em que mais de um terço da população está desempregada.

"As contínuas descidas no `rating` vão traduzir-se em custos insustentáveis do serviço da dívida, deterioração do valor dos ativos e redução no rendimento disponível para muitos" sul-africanos, diz o Tesouro do país.

África registou 273 mortes devido à covid-19 nas últimas 24 horas, aumentando para 49.975 o total de vítimas mortais pelo novo coronavírus, que já infetou 2.080.923 pessoas no continente, segundo dados oficiais.

De acordo com o Centro de Controlo e Prevenção de Doenças da União Africana (África CDC), o novo coronavírus infetou nas últimas 24 horas mais 11.000 pessoas nos 55 Estados-membros da organização, e o número de recuperados em igual período foi de 10.402, para um total de 1.757.665.

O maior número de casos de infeção e de mortos regista-se na África Austral, com 864.083 infeções e 22.586 mortos por covid-19. Nesta região, a África do Sul, o país mais afetado do continente, contabiliza um total de 769.759 casos de infeção e 20.968 mortes.

A pandemia de covid-19 provocou pelo menos 1.388.590 mortos resultantes de mais de 58,6 milhões de casos de infeção em todo o mundo, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

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