Ómicron. Vários países estão a impor restrições às viagens

por Cristina Sambado - RTP
Mark R. Cristino - EPA

A variante Ómicron, do SARS-CoV-2 que já foi detetada em várias partes do mundo, está a levar alguns governos a impor duras restrições às viagens para tentar manter o controlo sobre a Covid-19. Japão, Israel e Austrália são alguns dos países que estabeleceram medidas mais restritivas. Joe Biden afirma que a variante é "motivo de preocupação, não de pânico".

A União Europeia vai realizar, no final desta semana ou no início da próxima, uma reunião para elaborar uma abordagem comum em várias questões, incluindo a administração de uma dose de reforço. Na Europa, já foram detetados casos de infeção com a Ómicron em pelo menos nove países.

A Polónia revelou que vai proibir voos de e para sete países africanos e estender a quarentena a alguns viajantes. Vai ainda limitar o número permitido de lugares em restaurantes.

O Japão, que ainda não detetou nenhum caso de infeção pela nova variante, afirmou na segunda-feira que vai repor o controlo das fronteiras. “Estamos a dar o passo como uma preocupação para evitar o pior cenário”, afirmou o primeiro-ministro, Fumio Kishida.

Em Israel entrou em vigor, durante a noite, a proibição de chegadas de cidadãos estrangeiros.

Já Marrocos anunciou que vai suspender todos os voos durante quinze dias. O que já levou o Governo francês a realizar ligações especiais de repatriamento.

A Austrália revelou que vai adiar por duas semanas a reabertura das fronteiras internacionais após confirmar os primeiros casos de infeção com a variante Ómicron.

Na Índia foram impostos testes obrigatórios à chegada ao país para os passageiros provenientes de uma dezena de países, entre os quais África do Sul e Reino Unido.

As Filipinas reforçaram o controlo das fronteiras e proibiram voos de países como a África do Sul, Botsuana, Namíbia, Áustria, Hungria e Países Baixos, entre outros.
Preocupação, não pânico
Na segunda-feira, o Presidente dos EUA, Joe Biden, afirmou que a nova variante era “motivo de preocupação, não de pânico” e pediu aos norte-americanos que aderissem à vacinação – inclusivamente com uma dose de reforço – assim que sejam elegíveis, e que usem a máscara em locais públicos.

“Mais tarde ou mais cedo veremos a nova variante aqui nos Estados Unidos e teremos que enfrentar essa ameaça da mesma forma que enfrentamos as anteriores”, declarou Biden, acrescentando que as proibições de viagens são improváveis.

No entanto, alguns países estão mais descontraídos. A Nova Zelândia revelou que vai restringir viagens de nove países do sul de África, mas que vai prosseguir com os planos de reabertura interna após meses de confinamento.

A primeira-ministra, Jacinda Ardern, revelou que não antecipa nenhuma restrição adicional e que bares, restaurantes e ginásios em Auckland podem reabrir, terminando um bloqueio que começou em agosto.

“Passamos os últimos dois anos com a Covid-19 em melhor forma que qualquer lugar do mundo”, afirmou Ardern, apontando as baixas taxas de mortalidade, crescimento da economia e alta taxa de vacinação.

A Organização Mundial da Saúde, que exortou os 194 Estados Membros a acelerar a vacinação, revelou que ainda não foi confirmado nenhum óbito relacionado com a Ómicron, mas que a situação continua “perigosa e incerta”.
Johnson a desenvolver nova versão da vacina
Entretanto, o laboratório Johnson & Johnson já revelou que está a desenvolver uma nova versão da sua vacina contra a Covid-19, visando especialmente a nova variante, caso a atual fórmula não seja suficientemente eficaz.

Os cientistas já afirmaram que podem ser necessárias várias semanas para perceber a gravidade da variante Ómicron, que foi detetada pela primeira vez na África do Sul.

O professor Salim Abdool Karim, especialista sul-africano em doenças infeciosas afirmou ao Guardian que a Ómicron parece ser mais transmissível, inclusivamente entre pessoas vacinadas, mas que é muito cedo para dizer se é mais contagiosa.

Vários cientistas sugeriram que a nova variante pode ser mais contagiosa, mas com sintomas mais ligeiros.
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