Pandemia coloca profissionais da cultura de Setúbal em dificuldades

por Lusa

O ator Miguel Assis, do Teatro de Animação de Setúbal (TAS), afirmou hoje que há "mais de uma centena de profissionais setubalenses, ligados às artes e à cultura, que estão a enfrentar dificuldades económicas", devido à pandemia Covid-19.

"Só no TAS, na Cooperativa Cultural GATEM Espelho Mágico e no Teatro do Elefante são largas dezenas de atores, muitos dos quais são contratados, e recebem em função do trabalho realizado", disse Miguel Assis, acrescentando que também há muitos músicos em dificuldades, devido ao cancelamento de espetáculos para prevenir a propagação do novo coronavírus.

"A Câmara de Setúbal está connosco [TAS], mas não pode fazer muito mais do que o orçamento permite. O Governo - o Ministério da Cultura - está a assobiar para o lado e a fingir que nada se passa", frisou.

Miguel Assis, que falava à agência Lusa durante a Vigília Cultura e Artes, que decorre hoje um pouco por todo o país, e que reuniu dezenas de profissionais do setor na Praça do Bocage, em Setúbal, reconheceu, no entanto, que está numa situação privilegiada em relação a outros profissionais do setor, graças ao apoio anual que a autarquia sadina atribuiu ao TAS.

"Mas há atores e outros profissionais das artes que já estão a passar grandes dificuldades e que só conseguem sobreviver com o apoio de amigos e familiares", disse Miguel Assis, reiterando a ideia de que os apoios já anunciados para o setor "são insuficientes".

Em dificuldades está também o Teatro do Elefante, que também recebe um apoio anual do município setubalense, mas que, só por si, não é suficiente para assegurar toda a atividade do grupo ao longo do ano, muito menos para fazer face ao atual período de exceção provocado pela pandemia.

 "Estamos parados há mais de dois meses, completamente impossibilitados de trabalhar com o público. O que vamos fazendo é procurar reinventarmo-nos, criando uns vídeos, partilhando-os, e assim ir contactando com o público à distância", disse Fernando Casaca, do Teatro do Elefante, que também marcou presença na vigília em Setúbal.

A par da falta de apoios, os atores que hoje se concentraram em Setúbal também mostram preocupação com algumas restrições impostas para o reinício da atividade, designadamente com a limitação a um máximo de 14 lugares, numa sala de espetáculos com capacidade para 100 pessoas.

Com a vigília a decorrer esta quinta-feira em diversos pontos do país, os profissionais das artes e da cultura esperam dar visibilidade à luta que estão a travar, e sensibilizar o Governo para que apresente soluções que permitam minimizar os impactos negativos da pandemia.

Por outro lado, consideram que o setor das artes e da cultura está a ser preterido em relação a outros, dando como exemplo o apoio de 15 milhões de euros à comunicação social e de apenas 1,7 milhões de euros para o setor das artes e da cultura.

Portugal contabiliza 1.277 mortos associados à covid-19 em 29.912 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia, hoje divulgado.

Relativamente ao dia anterior, há mais 14 mortos (+1,1%) e mais 252 casos de infeção (+0,8%).

Das pessoas infetadas, 608 estão hospitalizadas, das quais 92 em unidades de cuidados intensivos, e o número de casos recuperados mantém-se nos 6.452.

Portugal entrou no dia 03 de maio em situação de calamidade devido à pandemia, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.

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