Referencial outono-inverno. Os três cenários previstos pela DGS

por RTP
Pedro A. Pina - RTP

A Direção Geral da Saúde coloca três cenários de evolução da pandemia para este outono-inverno. O objetivo é minimizar os casos de doença grave e de mortalidade por Covid-19 e obter uma resposta mais eficiente e equitativa dos serviços de saúde.

O primeiro cenário assume que não existem alterações na eficácia da vacina nem há um aparecimento de uma nova variante que gere preocupação nos próximos meses. A mortalidade mantém-se reduzida e não há pressão adicional sobre o sistema de saúde.

O cenário intermédio prevê uma redução lenta da eficácia das vacinas, mas também sem o aparecimento de uma nova variante do vírus considerada preocupante. Neste cenário, a pressão sobre o SNS é “moderada a elevada”. Ainda assim, neste cenário, o limiar dos cuidados intensivos é ultrapassado na segunda quinzena de janeiro.

No terceiro cenário está previsto o aparecimento de uma nova variante com redução rápida da eficácia da vacina, um aumento da transmissibilidade do vírus e da gravidade da doença.

Neste caso, a incidência de infeções será muito elevada, com o limiar dos cuidados intensivos a ser ultrapassado na primeira quinzena de janeiro, com pressão “elevada a muito elevada” sobre o sistema de saúde.

Este referencial outono-inverno para o Serviço Nacional de Saúde preparar respostas para um eventual agravar da situação. Com esta estratégia pretende-se "garantir uma resposta eficiente e coordenada, ajustada à situação epidemiológica da infeção por SARS-CoV-2 e aos desafios adicionais do período outono/inverno, reduzindo o impacto na morbimortalidade na população em geral e nos grupos de risco".

Estas linhas orientadoras dirigidas às entidades do Ministério da Saúde surgem da necessidade de planear uma "resposta eficiente e equitativa às necessidades de saúde" da população durante este período do ano, em particular no que diz respeito à covid-19.

Como objetivos secundários, o referencial pretende antecipar a atividade epidémica, assegurar da vacinação contra a covid-19 e a gripe sazonal, controlar a transmissão da infeção com foco nas populações vulneráveis e nos serviços de saúde, assegurar a sustentabilidade e qualidade da resposta dos serviços de saúde às pessoas com covid-19 e com outras patologias, entre outros.

Para isso, foram identificados fatores que podem influenciar a saúde dos cidadãos e levar a um aumento da procura dos serviços de saúde, como uma maior mobilidade da população e manutenção da adesão à vacinação, o possível aumento da incidência de doenças outras respiratórias como a gripe, a influência do frio, os comportamentos individuais e coletivos e o desenvolvimento de tratamentos para a covid-19.

O referencial para o outono e inverno deixa ainda alguns alertas: o facto de a população poder estar mais suscetível a outros vírus respiratórios, atendendo à baixa exposição aos mesmos durante o período sazonal homólogo, e a fadiga pandémica, que resulte numa menor adesão às medidas preventivas impostas nos últimos 18 meses.

c/ Lusa
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