A Música Portuguesa A Gostar Dela Própria

por Cláudia Almeida - Antena 2
Nicole Sanchéz

"De repente vou para Odeceixe e oiço um homem a trautear atrás de uma casa". Assim nasceu o projecto "A Música Portuguesa A Gostar Dela Própria" (MPGDP) que domina a vida de Tiago Pereira há nove anos.

Tiago Pereira assume que também tinha preconceito em relação à música tradicional. "O que eu sabia de música tradicional era que o meu pai (Júlio Pereira) tocava cavaquinho", conta-nos. "Era jovem e estava sempre a fugir da música tradicional pelo preconceito, era normal teres esse preconceito vivendo em Lisboa".

E quando começou a entrar nesse universo sentiu-se numa prisão. "Queres fazer e queres que te ajudem a fazer e queres ter dinheiro para fazer. Tens que pedir apoios e como é que vais descrever o que dizes... E ficas preso nos conceitos. E atacam-te por um lado, atacam-te por outro, que às tantas tens que aceitar e dizer ´eh pá, pronto, olha, estou-me nas tintas`".

E começou um monumental trabalho de recolha musical, arquivada no agora portal www.amusicaportuguesaagostardelapropria.org. Um projecto que já passou pela infância e a adolescência, mas Tiago Pereira não fala em maturidade. "Obviamente que já teve toda a altura de estar revoltado com o mundo, da parte adolescente e das hormonas aos saltos, e agora está numa transição. Este é um ano em que as coisas vão mudar".
Serpins agora é o centro 

Este mês, Tiago Pereira tomou a decisão de se mudar de Lisboa para Serpins, onde pretende criar um centro cultural "preocupado em poder fazer formação, ensinar coisas completamente diversas, desde cestaria a música electrónica, passando pela construção de gaitas de foles e adufes... por enquanto é só uma ideia".
Em Palmela, os círios
E à semelhança do que já existe em Beja, vai nascer um Centro Interpretativo da MPGDP em Palmela, numa sala de uma escola primária. "Temos um protocolo com a Câmara Municipal de Palmela, andamos a gravar a música toda que encontramos e temos descoberto imensa diversidade também em Palmela. Em Beja, a sala está dedicada ao cante alentejano e à viola campaniça. Em Palmela pode muito bem estar dedicada, por exemplo, aos círios, que são os peditórios que ainda se praticam, com gaitas de foles, clarinete, caixa e bombos. Mas a ideia é ter uma mesa digital onde as pessoas tenham o site da MPGDP e se possam perder". Um espaço onde também poderá haver exposições e conversas.
Piquenine na Primavera, em Serpins
Para 21 de Março já está marcado o piquenique musical, na Praia Fluvial da Senhora da Graça. "Queremos superar (o piquenique de) Monforte da beira , onde tivemos 600, 700 pessoas". O piquenique marca a mudança de sede da MPGDP de Lisboa para Serpins.

Em Maio, o congresso
Está a ser preparado um encontro, em parceria com o projeto Tocándar, descrito como "um congresso sobre a música afectiva". Dias 30 e 31 de Maio.

Ainda este mês, a 21 apresenta-se o portal MPGDP com mais de 2600 vídeos de música popular portuguesa disponíveis online.
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