Academia Goncourt avisa que não entrega prémio se livrarias estiverem fechadas

por Lusa

A proclamação do vencedor do Prémio Goncourt será adiada se as livrarias estiverem encerradas, avisou a academia que outorga o mais importante galardão das letras francesas, perante o anúncio de um novo confinamento decretado por Emmanuel Mácron.

"Os académicos de Goncourt reafirmam o seu total apoio aos livreiros que enfrentam um novo e difícil período, como consequência da pandemia de Covid 19. Em solidariedade para com eles, não garantem que o anúncio do prémio previsto para terça-feira, 10 de novembro, seja feito se as livrarias estiverem fechadas. Consequentemente, se for esse o caso, adiam o anúncio do prémio Goncourt para uma data posterior, a ser especificada de acordo com a evolução da situação sanitária e as decisões governamentais tomadas", anunciaram, num comunicado.

Esta tomada de decisão surgiu após apelos feitos pelos livreiros ao presidente francês, do qual não obtiveram resposta.

Enquanto esperam por possíveis esclarecimentos sobre se as livrarias vão ou não fechar, os membros do júri da academia tomaram esta decisão, que justificam por se sentirem "consternados" com esse encerramento, "especialmente pela moral da população".

"Parece-me que os livros são mais do que um meio de distração, são ferramentas para melhor compreender o mundo, especialmente as pandemias", considerou o presidente do júri, Didier Decoin, que afirma ter tomado a decisão de adiar o evento, "sozinho, às 2 da manhã", na noite de quarta-feira para quinta-feira.

"Falei com o meu gato, a minha mulher, sobre o assunto. Não consegui contactar os outros membros nessa altura, mas tinha a certeza de que eles concordariam", acrescentou.

Para o júri, "o confinamento é, em algumas áreas, uma sentença de morte".

"Se anunciássemos [o Goncourt] na próxima semana, isso iria beneficiar apenas a Amazon ou os distribuidores em massa, e iria matar a rede de livrarias que todos os anos dependem do Goncourt para existir e atrair pessoas", sintetizou.

A academia anunciou na terça-feira os quatro finalistas do prémio, cujo vencedor deveria ser anunciado a 10 de novembro.

A escritora camaronesa Djaili Amadou Amal, com "Les impatientes", e os franceses Hervé Le Tellier, com "L`anomalie", Mael Renouard, com "L`historiographe du Royaume", e Camille de Toledo, com "Thésée, sa vie nouvelle" são os nomeados finais para o Prémio Gouncourt.

Esta foi a terceira etapa de um processo de eleição que começou em setembro com a escolha dos primeiros 15 candidatos ao galardão das Letras francesas, de entre os quais foram apurados, no início de outubro, oito finalistas.

Para trás ficaram Miguel Bonnefoy, com "Héritage", Mohammed Aissaoui, com "Les funambules", Irène Frain, com "Un crime sans importance", e Jean-Pierre Martin, com "Mes fous".

O vencedor, definido por maioria absoluta, é anunciado todos os anos no início de novembro.

Historicamente, o Prémio Goncourt, um dos mais importantes para a literatura em língua francesa, traduz-se apenas num cheque no valor simbólico de 10 euros, entregue ao laureado, mas a sua atribuição provoca desde logo o aumento das vendas e assegura a tradução e edição a nível internacional, segundo o `site` da Academia.

Desde a sua criação, em 1903, o Goncourt distinguiu escritores como Marcel Proust, Elsa Triolet, Simone de Beauvoir, Romain Gary, Patrick Modiano, Tahar Ben Jelloun, Érik Orsenna, Amin Maalouf, Jonathan Littell, Mathias Énard e Leila Slimani.

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