Bispo extingue Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja

por Lusa

O bispo de Beja extinguiu o Departamento do Património Histórico e Artístico devido à necessidade de "reajustar" as estruturas da diocese e por não ser "o meio mais adequado" para atingir os objetivos que levaram à sua criação.

No decreto de extinção, enviado hoje à agência Lusa, o bispo João Marcos considera que o Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja, "embora tenha realizado um trabalho meritório na promoção e divulgação do património diocesano, não se tem revelado ser o meio mais adequado para atingir os objetivos que presidiram à sua constituição".

Segundo João Marcos, que assumiu a liderança da diocese alentejana no dia 03 de novembro de 2016, o departamento, criado em 1984 pelo então bispo de Beja Manuel Falcão, também "não se tem revelado ser o meio mais adequado" para "mediar o diálogo, que se pretende constante, com o clero e com os próprios diocesanos".

Por outro lado, refere, "a Diocese de Beja está a iniciar um novo período da sua história", "é necessário reajustar as estruturas diocesanas aos novos condicionalismos" e cessou o destacamento de José António Falcão, que dirigia o departamento e é funcionário da Direção-Geral do Património Cultural.

Por estas razões, João Marcos, depois de ter ouvido o parecer dos órgãos colegiais da diocese, extinguiu no passado dia 20 o Departamento do Património Histórico e Artístico e todos os organismos dele dependentes.

Contactado hoje pela Lusa, João Marcos não quis prestar declarações sobre a decisão de extinguir o departamento e limitou-se a dizer: "É um ciclo novo que começa".

Questionado sobre se a extinção do departamento poderá por em causa a continuidade do Terras sem Sombra - Festival de Música Sacra do Baixo Alentejo, que o organismo promove desde 2004, João Marcos disse que não.

"O Terras sem Sombra não está em causa, de modo nenhum", afirmou, referindo que o festival deste ano já foi organizado pela Pedra Angular - Associação dos Amigos do Património da Diocese de Beja, em colaboração com a diocese.

Em declarações à Lusa, José António Falcão disse que "encarou com absoluta normalidade" a decisão de extinção do departamento, que foi tomada por "um novo bispo, que inicia uma nova etapa e tem a sua própria estratégia pastoral".

Nestas circunstâncias, "é normal que sejam feitos reajustes nos serviços, sobretudo quando se trata de um serviço que é constituído por voluntários", disse.

Ao longo de 33 anos de atividade, o Departamento do Património Histórico e Artístico da Diocese de Beja recuperou várias igrejas rurais, criou a Rede Diocesana de Museus e criou em 2004 o Festival Terras sem Sombra.

Ao nível da inventariação do património religioso da Diocese de Beja, o departamento identificou 500 edifícios e um acervo com mais de 200 mil bens culturais, como peças de arte e arquivos.

O departamento recebeu os prémios de Cultura Árvore da Vida - Padre Manuel Antunes 2010, Vasco Vilalva 2008 e Europa Nostra para a Salvaguarda do Património Cultural, atribuído pela União Europeia, em 2005, e foi distinguido pelo Ministério da Cultura, com a Medalha de Mérito Cultural, e pela Câmara de Beja, com a Medalha de Mérito Municipal, em 2001.

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