Lisboa, 25 mar (Lusa) -- A Casa Fernando Pessoa vai homenagear no dia 02 de abril Antonio Tabucchi, hoje falecido em Lisboa, anunciou a diretora, Inês Pedrosa, que elogiou a obra do escritor italiano, a quem "Portugal ficou a dever muito".
Antonio Tabucchi "era um escritor tão italiano quanto português, a quem Portugal ficou a dever muito", disse à Lusa a escritora e responsável da Casa Fernando Pessoa, recordando que o escritor foi "um divulgador da obra de Fernando Pessoa, de quem foi tradutor e sobre quem escreveu".
Inês Pedrosa referiu o "único livro" que Tabucchi escreveu em português, de título "Requiem", como uma obra que é "uma alucinação em torno de Fernando Pessoa" e simultaneamente "uma declaração de amor a Portugal e, em particular, a Lisboa, que era a pátria de Fernando Pessoa".
Confessando-se uma admiradora da obra de Tabucchi, a escritora destacou ainda que o escritor "sublinhava muito o caráter político da literatura, enquanto testemunho que se opunha à memória breve dos meios de comunicação social".
O autor "escrevia também com esse intuito", acrescentou Inês Pedrosa, exemplificando com o livro "A Cabeça Perdida de Damasceno Monteiro", uma obra "para que não esqueçamos a ditadura e a tortura".
"Tinha uma frase que eu citava muito: `Em literatura tudo tem a ver com tudo`", afirmou Inês Pedrosa.
A Casa Fernando Pessoa vai realizar no próximo dia 02 de abril, a partir das 10.30, uma maratona de leitura integral do "Requiem", que será gravada para que possa ser acessível para os invisuais.
"Os escritores continuam vivos enquanto os lemos", disse Inês Pedrosa, a propósito desta homenagem.
António Tabucchi morreu hoje de manhã em Lisboa aos 68 anos, vítima de doença, e será sepultado na próxima quinta-feira na capital, disse à Lusa a sua mulher. O escritor "encontrava-se doente" e estava internado no Hospital da Cruz Vermelha.
