Centenária Coimbra Editora cessa atividade até ao fim do mês

por Lusa

A centenária Coimbra Editora, que está em processo de insolvência desde o final de 2015, vai cessar a sua atividade até ao fim do mês, afirmou hoje o administrador de insolvência.

A informação foi avançada pelo jornal local Diário de Coimbra e confirmada à agência Lusa pelo administrador de insolvência da editora criada em 1920, Manuel Bacalhau.

"A empresa, até ao final do mês, vai mesmo encerrar e cessar a atividade", afirmou, referindo que os quatro funcionários que a editora ainda tinha irão para o desemprego.

Segundo Manuel Bacalhau, já foram tentadas "todo o tipo de diligências de venda" da marca Coimbra Editora.

A última tentativa foi um leilão eletrónico, que durou dois meses e que terminou há duas semanas, não tendo surgido qualquer interesse no negócio que tinha como valor de licitação mínima da marca cerca de 600 mil euros, referiu.

O administrador já recebeu ofertas, "mas de valores muito reduzidos que nem foram sequer equacionados", acrescentou.

"Esta é uma marca que, mesmo passando pela insolvência, continua ativa e viva", salientou, destacando a importância da editora nos livros da área jurídica.

Após a atividade da empresa cessar, a liquidação vai continuar a correr, explicou Manuel Bacalhau, referindo que vai continuar a tentar vender a marca, mostrando-se pouco confiante de que o processo termine até ao fim do ano.

Para além da marca, o administrador vai também tentar assegurar a liquidação em lotes de bens móveis da empresa, como viaturas, mobiliário ou equipamento administrativo.

Já quanto ao `stock` de livros, Manuel Bacalhau esclareceu que será promovida uma liquidação total, com descontos de 50% nos milhares de livros que se mantêm na posse da Coimbra Editora.

Questionado pela agência Lusa, Vítor Silva, representante dos trabalhadores na comissão de credores da editora, afirmou desconhecer o resultado do leilão, criticando a morosidade do processo.

"A marca tinha autores de referência e o processo de insolvência demorou muito tempo. As insolvências deveriam ser mais rápidas para não se perder valor como se perdeu aqui", afirmou, recordando que a marca chegou a ser avaliada, no início do processo, em cerca de dois milhões de euros.

O plano de insolvência da Coimbra Editora, apresentado em 2016, referia que a empresa tinha um passivo de 4,5 milhões de euros, sendo os bancos os seus maiores credores, cujas dívidas representavam 2,6 milhões de euros, seguindo-se fornecedores (769 mil euros), o Estado (516 mil euros) e os trabalhadores, com valor idêntico.

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