Coreógrafa Lia Rodrigues reflete sobre "drásticas mudanças climáticas" na dança

por Lusa

Lisboa, 12 dez (Lusa) - A coreografia "Para que o céu não caia", da criadora brasileira Lia Rodrigues, que aborda as "drásticas mudanças climáticas" no mundo, vai ser interpretada no palco da Culturgest, em Lisboa, na quarta e na sexta-feira.

Estreada no último fim de semana no Teatro Municipal do Porto, a peça tem criação e direção de Lia Rodrigues, dramaturgia de Silvia Soter, e Amália Lima como assistente de direção e criação, de acordo com a Culturgest.

No espetáculo, a criadora levanta a questão de como fazer face a "tantas catástrofes e barbáries que todos os dias nos assombram e emudecem, neste contexto de drásticas mudanças climáticas que escurecem o futuro", de acordo com um texto de Lia Rodrigues.

A coreógrafa evoca o mito do fim do mundo, relatado pelo xamã Davi Kopenawa, do povo índio Yanomami, que diz que, "rompida a harmonia da vida no universo, o céu -- entendido por aquilo que está acima de nós -- desaba sobre todos os que estão abaixo e não apenas sobre os povos das florestas".

Respondendo à questão sobre o que fazer perante estas mudanças, Lia Rodrigues decidiu dançar: "Nós dançamos como uma oferenda e como um tributo, para não desaparecer, para durar e para apodrecer, para mover o ar e para se expandir, para sonhar e para visitar lugares sombrios, para virar vagalume, para sermos fracos e para resistir".

"Nós dançamos para encontrar um jeito de sobreviver neste mundo virado de cabeça para baixo. Dançar para segurar o céu. É o que podemos fazer. Para que o céu não caia... dançamos", sustenta, no mesmo texto.

O espetáculo "Para que o céu não caia" foi criado e é dançado em estreita colaboração com Amália Lima, Carolina Mattos, Clara Cavalcante, Felipe Vian, Francisco Thiago Cavalcanti, Gabriele Nascimento, Glaciel Farias, Leonardo Nunes, Luana Bezerra, Maruan Sipert e Valentina Fittipaldi.

Lia Rodrigues, nascida no Brasil, estudou dança clássica em São Paulo e fundou o Grupo Andança em 1977.

De 1980 a 1982, mudou-se para França e dançou na Companhia Maguy Marin. Regressou depois ao Brasil, e instalou-se no Rio de Janeiro onde fundou a Lia Rodrigues Companhia de Danças.

Criou, entre outras peças, "Gineceu" (1990), "Catar" (1992), "Resta um" (1997), "Aquilo de que somos feitos" (2000), "Dois e um dois" (2001), "Formas" (2002), "Encarnado" (2005), "Hymnen" (2007), "Chantier poetique" (2008), e "Pororoca" (2009).

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