"Cultura continua a ser a grande prioridade da Gulbenkian" - Isabel Mota, presidente

por Lusa

A presidente da Fundação Calouste Gulbenkian, Isabel Mota, afirmou hoje, em Lisboa, que "a cultura continua a ser a prioridade" da instituição criada em 1956, por testamento do filantropo e empresário arménio Calouste Sarkis Gulbenkian.

Num encontro com os jornalistas para apresentar as linhas orientadoras dos novos diretores - António Filipe Pimentel, para o Museu Gulbenkian, e o francês Benjamin Weil, para o Centro de Arte Moderna (CAM) - a responsável sustentou que a área da cultura "continua a ser a primeira prioridade e o rosto" da instituição.

Com atividade também na área da beneficência, da ciência e da educação, a Fundação Gulbenkian desenvolve a ação a partir da sua sede em Lisboa, e das delegações em Paris e em Londres, intervindo igualmente através de apoios concedidos aos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa, a Timor-Leste assim como a países com comunidades arménias.

"Nós não somos só arte e museus, mas a prioridade é a cultura", vincou Isabel Mota, recordando o apoio de emergência "muito dirigido à situação dos artistas e estruturas artísticas" deste setor, distribuído pela Fundação, quando do surgimento da pandemia, em 2020, no valor de um milhão de euros, e de novo disponibilizado este ano, para bolsas nas áreas das artes e da música, para apoio à criação de obras originais, em artes visuais, cinema, dança e teatro, e para apoio à realização de exposições em França, através da delegação em Paris.

Sobre a atividade da fundação, Isabel Mota indicou que a Gulbenkian "não anulou nada, e os recursos não foram desviados para nenhuma outra atividade, a não ser o reforço da digitalização, que funcionou como uma alavanca para dar a conhecer um recurso que veio para ficar".

Além da programação dos museus - que acolhem a coleção particular do fundador e uma coleção de arte moderna e contemporânea - e das atividades paralelas na área educativa e de pensamento, com conferências e congressos, a Gulbenkian possui uma orquestra e um coro, uma biblioteca de arte e arquivo, um instituto de investigação científica e um jardim de acesso público, onde decorrem atividades educativas.

A presidente da Gulbenkian comentou que esta apresentação dos dois diretores "marca o recomeço da atividade quase normal" da entidade, com um Dia Internacional dos Museus, que se celebra na terça-feira, a ter "um significado mais relevante" devido à crise que se tem feito sentir no setor da cultura.

"Tenho muita esperança que a situação comece a permitir que as pessoas usufruam mais das manifestações culturais", declarou.

Sobre a decisão de voltar a separar os museus que estiveram unidos sob a direção da britânica Penelope Curtis, a presidente da Gulbenkian disse que a administração concluiu que o "Museu Gulbenkian tem todo um mundo a explorar, devido à sua história e ligações entre o Ocidente e o Oriente, portanto, um potencial único".

"Por outro lado, imaginámos um CAM mais aberto aos visitantes, um local de encontro, com lugar para todos os artistas, nacionais e estrangeiros, mantendo um diálogo entre as duas coleções", explicou aos jornalistas.

Sobre o regresso da dupla direção dos museus Gulbenkian, Isabel Mota apontou ainda que "traz mais possibilidades de abrir novos caminhos para as duas coleções".

"A junção foi episódica. Hoje há muitos públicos e formas de os visitantes se ligarem à arte e de a usufruir. Temos de tirar partido de ambos, mantendo um diálogo entre as coleções", sustentou.

Recordou ainda outras mudanças ao nível interno, nomeadamente com o regresso a Lisboa de Miguel Magalhães, diretor da delegação da Gulbenkian em Paris, em março deste ano, para dirigir o Programa Gulbenkian Cultura, passando a direção em França a ser ocupada por Nuno Vassallo e Silva.

"Internacionalmente, vai ser uma fase de grande inspiração e abertura. Vamos dar mais um passo que só se conseguirá fazer com a colaboração das pessoas", salientou a responsável.

Para o Dia Internacional dos Museus, as entradas serão gratuitas na Gulbenkian, com lotação regulada sob as normas da Direção-Geral da Saúde, em contexto de pandemia, podendo os visitantes visitar a renovada Sala Lalique, após obras neste espaço, com cerca de 80 peças das 200 que o museu detém no seu acervo.

Entre outros eventos, a Gulbenkian vai festejar a data com "Uma obra por dia, nem sabe o bem que lhe fazia!", as atividades educativas "Conversas à medida" e "Obras que se ouvem", a que junta a conferência "História das Exposições de Arte da Fundação Calouste Gulbenkian".

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