Diretora do Museu dos Coches garante segurança e diz que não houve queixas

por Lusa

A diretora do Museu Nacional dos Coches, Silvana Bessone, afirmou hoje que estão garantidas as condições de segurança das viaturas históricas expostas, e "não houve qualquer queixa" dos visitantes sobre a apresentação de automóveis no interior.

Contactada pela agência Lusa, a responsável indicou que a realização da exposição de automóveis elétricos, que decorre até domingo no museu, visa "mostrar o contraste entre as viaturas históricas e as que serão o futuro".

O Museu dos Coches, em Belém, apresenta, entre hoje e domingo, a VExpo 2017 -- Salão Internacional do Veículo Elétrico, Híbrido e da Mobilidade Inteligente, que colocou automóveis no interior da exposição permanente da instituição.

Para o museólogo Luís Raposo, presidente do Conselho Internacional de Museus - ICOM Europa, contactado pela Lusa, é "altamente imprópria" a apresentação de automóveis junto de viaturas históricas, numa exposição comercial.

"É altamente impróprio a exposição de automóveis lado a lado com tesouros nacionais num museu", comentou o responsável do ICOM, contactado pela agência Lusa.

Luís Raposo, presidente do ICOM-Europa, a maior organização internacional do setor dos museus, está totalmente "contra a mistura de marcas comerciais e venda de produtos comerciais no interior de exposições com peças dos museus".

"Existe uma lei que autoriza estes eventos em museus e monumentos, mas há limites que não deveriam ser transpostos, pois provoca uma contaminação. Estas misturas agridem a dignidade do património", sustentou o museólogo.

Luís Raposo diz não ter nada contra estes eventos comerciais em locais patrimoniais, "desde que sejam realizados em lugares próprios, no exterior do museu ou em salas reservadas, separadas da exposição das peças".

Sobre esta opinião, Silvana Bessone comentou que "a exposição está muito interessante, e os visitantes, de todas as idades, estão a gostar".

"Não há nenhuma queixa de visitantes. Antes pelo contrário. De qualquer modo, é temporário", acrescentou a diretora do museu, que reabriu ao público no fim de semana, com uma nova museografia.

Silvana Bessone indicou que "não há qualquer risco para as peças", porque "as barreiras da museografia protegem os coches e impedem qualquer contacto, ao mesmo tempo que dão a informação necessária, interativa, em quatro línguas".

A responsável recordou que exposições no género já foram feitas no passado, no antigo Picadeiro Real, onde o Museu Nacional dos Coches funcionou, até à inauguração do novo edifício, em 2015, desenhado pelo arquiteto brasileiro Paulo Mendes da Rocha (Prémio Pritzker 2006).

De acordo com o Regulamento de Utilização de Espaços nos serviços dependentes da DGPC, aprovado no despacho n.º 8356/2014, é possível realizar nestes espaços outras atividades, além das visitas habituais, desde que "compatíveis com os seus valores histórico/patrimoniais".

O documento indica ainda que compete à direção da DGPC decidir, após parecer dos serviços dependentes, "da oportunidade e interesse da cedência, bem como das respetivas condições a aplicar", que se reserva o direito de não autorizar o aluguer ou a cedência de espaços.

Nos espaços cuja utilização seja autorizada, podem decorrer eventos de caráter social, académico, científico, cultural, comercial, empresarial, turístico ou promocional.

A organização da primeira edição do Salão Internacional do Veículo Elétrico, Híbrido e da Mobilidade Inteligente (VEXPO 2017) já anunciou a realização da segunda edição em 2018, nos dias 17 a 20 de maio de 2018, desta vez com a presença de autocarros e camiões elétricos.

A decorrer entre hoje e domingo, no Museu Nacional dos Coches, em Lisboa, o salão inclui no programa a VExpo Talks -- conversas com marcas, assim como conferências sobre a indústria 4.0 na mobilidade elétrica, incentivos e regulamentação e transportes públicos.

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