Os amigos Michel e Taylor são as personagens centrais do espectáculo "Achas para a fogueira", de Antoine Defoort, que vai ocupar a Sala Garrett do Teatro Nacional D. Maria II, em Lisboa, na quinta e na sexta-feira.
"Achas para a fogueira" passa-se no futuro. Os dois amigos Michel e Taylor encontram-se na floresta, com Michel sentado num tronco a ouvir Taylor contar a história do que lhe acontecera nos dois anos anteriores, já que não acompanhara nada da vida do velho amigo, entretido que esteve "num grupo de `deep-mindfulness`, numa espécie de ashram do futuro", e na fundação de um partido.
A história de Taylor será contada através de um pequeno dispositivo que permite projetar memórias à sua frente, chamado "mnemoprojetor".
Quanto ao partido de Taylor, a Plataforma de Contexto e Modalidade, "começou por ser uma espécie de chiste, meio sério, meio poético", como escreve a apresentação da peça, mas "rapidamente adquiriu uma popularidade tão meteórica quanto inesperada, que o impulsionou para os portões do poder".
As vias abrem-se então para o desfecho do drama.
"O que vai acontecer?", questiona o texto de apresentação da obra. Serão as personagens esmagadas "pelo rolo compressor dos media e pela má fé dos seus oponentes? Conseguirão permanecer fiéis aos seus ideais? Descobrirão recursos tão misteriosos quanto superpoderosos, ao dar um passeio na floresta?"
"Para responder a estas perguntas", acrescenta a apresentação francesa da obra, é também preciso ter em conta o básico, "o efeito placebo" dos modos de vida, "as modalidades de debate democrático" e como conseguir "navegar nos rios de medo que correm por todo o lado", na era dos populismos.
"Achas para a fogueira" ("Feu de Tout Bois") é um espetáculo de Antoine Deefort falado em francês, com legendas em português, e as interpretações de Alexandre Le Nours, Antoine Defoort, Arnaud Boulogne e Sofia Teillet.
O desenho de som é de Mélodie Souquet, a direção técnica de Simon Stenmans e a composição de Lieven Dousselaere.
O espetáculo conta com colaboração artística de Lorette Moreau e terá duas representações: na quinta e sexta-feiras, às 19:00.
Formado em ciências e artes plásticas, Antoine Deefort, 43 anos, é artista residente do Centquatre-Paris, e membro da cooperativa artística Amicale.
O ator, dramaturgo e encenador francês é conhecido do público português por espetáculos como "Germinal" ou "Cheval", apresentados em anos anteriores, e também pela mais recente passagem pelo festival Alkantara, em Lisboa, em 2018, quando apresentou "Un faible degré d`originalité" ("Um baixo grau de originalidade", em tradução livre), em que abordava, em jeito de comédia, como se fosse uma conferência, questões de propriedade intelectual e de criação artística, tratando a sério, porém, os problemas e as implicações sociais a eles associados.