Os estúdios de efeitos visuais Nu Boyana Portugal, sediados em Braga, querem criar um ecossistema na cidade, ligado ao cinema e audiovisual, para captar mais investimentos e emprego, disse à agência Lusa o diretor, Pedro Domingo.
A Nu Boyana Portugal é uma empresa portuguesa criada em 2018, subsidiária dos estúdios búlgaros Nu Boyana Films, e entra nos créditos de filmes de ação como "Rambo - A última batalha" (2019), "Hellboy" (2019) e "O guarda-costas e a mulher do assassino", que se estreia nos cinemas portugueses na quinta-feira.
Pedro Domingo explicou à agência Lusa que a produtora portuguesa esteve vários meses, no verão de 2020, a trabalhar nos efeitos visuais deste último filme, mas só agora a produção chega aos cinemas por atrasos provocados pela covid-19.
"Este tipo de projetos vem através da produtora búlgara e cada grupo faz uma parte" do trabalho de efeitos visuais em pós-produção. "Somos praticamente independentes e somos nós que apresentamos candidaturas para vários projetos", explicou.
É por via da Nu Boyana Portugal que os filmes "Rambo - A última batalha", "Hellboy" e "Assalto ao Poder", todos de 2019, surgem na lista das produções beneficiadas pelo regime português de incentivos fiscais, de `cash rebate`, de captação de produções para território nacional.
Os estúdios búlgaros Nu Boyana foram criados nos anos 1960, em Sofia, e adquiridos em 2005 pela produtora norte-americana Millenium Media, especializada sobretudo em filmes de ação.
Pedro Domingo, espanhol radicado há alguns anos em Portugal, iniciou a empresa portuguesa em Braga, com três trabalhadores, e atualmente conta com trinta, de várias nacionalidades, como italianos, franceses, espanhóis e portugueses.
O produtor considera que a área da produção de efeitos visuais tem capacidade para crescer em Portugal, porque há mais formação especializada, mas muitos dos profissionais optam por trabalhar fora de portas.
"Estamos a tentar fazer o contrário; trazer de volta ou manter. Em Braga queremos criar um ecossistema. Estamos um bocado isolados, mas o nosso objetivo a médio prazo é criar um ecossistema, para criar escola e emprego novos", sublinhou Pedro Domingo.
A Nu Boyana Portugal está, como outras áreas, a adaptar-se a um cenário de pandemia e ainda a recuperar do tempo de paragem no setor: "Na nossa área de filmagens foi impacto direto. Chegou a um ponto em que não havia material para cinema".
A par do trabalho que lhes chega por via dos estúdios búlgaros e da Millenium Media, a empresa portuguesa tem capacidade para projetos mais pequenos, ou mais locais, ou para outros ecrãs, nomeadamente televisão.
Atualmente, a Nu Boyana Portugal aguarda o arranque de produção do filme "Red Sonja", com realização de Joey Soloway, também pela Millenium Media, e Pedro Domingo gostava que parte da rodagem acontecesse em Portugal, sabendo que o país tem paisagens que se encaixam no perfil do projeto.
"Estamos a puxar para fazer `scouting` [procura de locais] em Portugal para tentar, além de VXF [efeitos vusiais], termos filmagens em Portugal. Pelo tipo de paisagem que tem o filme, encontrámos bons locais em Portugal. Mas a última palavra é do realizador do filme", disse.