Sacha Baron Cohen, o comediante britânico conhecido pela criação de figuras como "Borat", apresentou-se para actuar num comício da extrema-direita e ridicularizou o evento com uma canção racista. Depois, desapareceu nos bastidores.
Para a actuação, apresentou-se com uma barba postiça e não foi reconhecido. Quando começou a cantar, o público poderá ao princípio ter pensado que a canção era apenas uma forma ingénua, ou no melhor dos casos humorística, de glosar temas que lhe são familiares. Mas, à medida que a actuação progredia, os organizadores mais atentos da milícia neo-fascista não podem ter deixado de notar que estavam a ser ridicularizados.
Com efeito, na letra da canção incluíam-se passagens que apelavam a que o ex-presidente dos EUA, Barack Obama, e o especialista da Casa Branca de combate à pandemia, Anthony Fauci, fossem injetados com o vírus:
"Obama, o que vamos fazer? Injetá-lo com a gripe de Wuhan. Hillary Clinton, o que vamos fazer? Prendê-la como costumávamos fazer. Dr. Fauci, o que vamos fazer? Injetá-lo com a gripe de Wuhan".
"OMS, o que vamos fazer? Fazê-los em picadinho como os sauditas fazem”, continuou Cohen, aplaudido pela multidão.
Sacha Baron Cohen crashed a right-wing rally in WA and lead racist sing-alongs – then he came back disguised as a reporter to interview people.
— Complex (@Complex) June 28, 2020
Full story: https://t.co/WiuYaO8q6Bpic.twitter.com/my9KsY5qiO
"OMS, o que vamos fazer? Fazê-los em picadinho como os sauditas fazem”, continuou Cohen, aplaudido pela multidão.
Mais tarde, o comediante também cantou: "CNN, eles espalham notícias falsas, são controlados por vocês-sabem-quem - George Soros e os seus amigos desagradáveis", referindo-se ao bilionário filantropo judeu que financia várias causas liberais.
Quando se aperceberam de que estavam a ser ridicularizados, os organizadores do comício tentaram expulsar o humorista do local, mas sem sucesso, impedidos pelos seguranças que acompanhavam Cohen.
A dada altura, o público também se manifestou contra o humorista, que foi levado para uma ambulância particular, onde se encontravam os seus seguranças, para abandonarem o local.
James Connor Blair, vereador em Yelm, Washington, disse na sua conta do Facebook estar "indignado" com a "manobra" de Cohen e descreveu a partida do humorista:
"Subiu ao palco disfarçado de vocalista da última banda, cantando várias coisas racistas, odiosas e repugnantes. Os seus seguranças impediram os organizadores de eventos de o tirar do palco ou desligar a energia do gerador. Depois de a multidão se ter apercebido daquilo que ele estava a dizer e se ter virado contra ele, os seus seguranças correram para o palco e levaram-no para uma ambulância particular que foi contratada para ser o transporte de fuga deles".
O humorista Baron Cohen foi homenageado no ano passado pela Liga Antidifamação pelo seu histórico de utilizar o humor para combater o ódio, nomeadamente através da sua série "Who is America?", que satiriza a política norte-americana.