Festival Materiais Diversos com cinco estreias nacionais na sua 10ª edição

por Lusa

Alcanena, Santarém, 18 set 2019 (Lusa) -- O Festival Materiais Diversos, que decorre de 27 de setembro a 05 de outubro, em Alcanena, Minde e Cartaxo (Santarém), apresenta, na sua décima edição, cinco estreias nacionais, duas delas apresentadas esta semana em Lisboa.

O espetáculo de dança "Mistério da Cultura", de David Marques, e a peça "A Menor Língua do Mundo", de Alex Cassal e Paula Diogo, têm antestreias marcadas, respetivamente, para quinta-feira, na Tóbis, e sexta-feira, no espaço Alkantara, em Lisboa, sendo apresentados ao público, o primeiro, a 27 de setembro, às 18:30, na Fábrica de Cultura, em Minde, e o segundo no cineteatro de Alcanena, nos dias 27 e 28 à noite.

Na sua décima edição, o Festival Materiais Diversos (FMD), que decorre em Minde (concelho de Alcanena), Cartaxo e Alcanena, oferece 17 espetáculos de criadores e companhias portugueses e estrangeiros, cinco em estreia absoluta e quatro em estreia nacional, uma exposic¸ão e três ac¸ões de participac¸ão, além de mais de 20 conversas e debates com o público e, em parceria com o festival Bons Sons, quatro momentos musicais, reunindo um total de 150 artistas.

Agora em versão bienal, para permitir que seja dado "mais tempo a cada parceiro, a cada artista e coletivo, a cada pergunta, processo, pessoa", o FMD surge como "lugar de encontro e como tempo de partilha de diferentes visões e inquietações", como sublinha a sua diretora artística, Elisabete Paiva.

O espetáculo de dança "Mistério da Cultura" resulta precisamente do questionamento sobre "cultura, arte e os seus modelos de produção, representação e apoio".

"É um puzzle de motivações dos artistas e do público, um `thriller` burocrático dançado, um enigma por desvendar", afirma a nota da associação Materiais Diversos que divulga o festival.

"Em palco diversas questões se levantam: o que fica do desejo inicial de fazer um espetáculo? O que não se vê quando se assiste a uma peça? Vale mesmo a pena dançar, será melhor falar ou ficar à escuta?", acrescenta.

Quanto à peça "A Menor Língua do Mundo", Alex Cassal e Paula Diogo inspiraram-se no desaparecimento iminente de milhares de idiomas falados em todo o mundo para, a partir de uma pesquisa junto de grupos de falantes de minderico, mirandês e barranquenho, construírem um espetáculo "sobre as línguas minoritárias portuguesas que, ao caminharem para a extinção, levam consigo histórias, identidades, diferenças".

"`A Menor Língua do Mundo` imagina uma trupe que viaja por uma terra extinta apresentando um espetáculo de variedades com o que foram recolhendo na jornada", acrescenta.

Entre as estreias portuguesas que vão acontecer no FMD contam-se ainda "Jogo de Lençóis", uma `performance` de Lígia Soares sobre hospitalidade, que nasceu "a partir de um convite feito à artista para recolher depoimentos de pessoas que, ao longo das 10 edições do Festival, acolheram artistas e equipas técnicas nas suas casas".

A estreia vai acontecer nos dias 28 e 29, na Casa da Memória, em Minde, nos mesmos dias em que o Teatro do Vestido, de Joana Craveiro, estreia, no Auditório Municipal de Alcanena, "Viagem a Portugal", um espectáculo-percurso que se interroga sobre "o que é, enfim, um país e o que nos torna parte dele".

Na dança, a outra estreia, também a 27 e 28, no Cineteatro Rogério Venâncio, em Minde, é a de "Partilhas/Exchanges", uma peça "política e poética", de Filipa Francisco, que junta "memórias de danças tradicionais palestinianas, portuguesas, estórias de família, de uma aldeia em peso...".

A mais recente criação da coreógrafa e bailarina Ana Rita Teodoro, "FoFo", estreia-se no último dia do festival, 05 de outubro, no Centro Cultural do Cartaxo.

O espetáculo "explora a estética do fofo (`cute` em inglês, `kawaï` em japonês, `mi-mi` em francês) nas suas implicações sociais e políticas. Trata-se de uma peça coreográfica que expõe o fofo enquanto ferramenta de apaziguamento do pensamento crítico, ao mesmo tempo que o revela como uma possível estética emancipatória no panorama da dança contemporânea, onde o minimalismo, a força lenta, a não agressividade, o prazer, se colocam face à velocidade, à agressividade e à dureza dos tempos de hoje".

Tópicos
pub