"Fim de partida" estreia-se hoje em Sintra com encenação de Carlos Pimenta

por Lusa

A tragicomédia "Fim de partida", do dramaturgo irlandês Samuel Beckett, estreia-se hoje na Casa de Teatro de Sintra, numa encenação de Carlos Pimenta, protagonizada por Ivo Alexandre e Pedro Lacerda.

A peça, escrita em 1957, originalmente em francês, e traduzida um ano depois para inglês por Samuel Beckett, conta a história de Hamm e Clov.

Ambos estão confinados a um pequeno espaço, um abrigo com duas únicas janelas, que dão para um mundo de desolação, onde terra e mar se vestem de cinzento, e onde mais duas personagens (Nagg e Nell) estão em busca do fim.

Impossibilitado de ver e de se levantar, Hamm, cego e paralítico, comanda o tom trágico, mas também patético, do universo da peça, pedindo ao seu serviçal que o desampare, enquanto este, que não pode sentar-se, nunca, vai ameaçando, recorrentemente, que se vai embora.

A ambiguidade não deixa nunca de pender sobre esta peça apesar da relação de interdependência e sadismo que liga os dois protagonistas e que acaba por servir de metáfora sobre os limites da consição humana.

A peça, que é também um jogo de repetições em jeito de comédia burlesca, as outras duas personagens são Nagg e Nell, os pais de Hamm, que estão dentro de dois caixotes, presos à recordação de um tempo que se supõe ter existido em relação a um outro tempo que, apesar de imutável, parece estar sempre aquém do fim.

Todas as personagens estão, na prática, no limite das suas próprias forças, presas pela solidão e por tudo o que as afasta e liga. Todas elas estão em "fim de partida".

Nagg é interpretado por Nuno Correia Pinto, e Nell, por enquanto Anabela Faustino.

A peça vai estar em cena até 08 de julho, com espetáculos de quinta-feira a sábado, às 21h45, e, aos domingos, às 16h00.

"Fim de partida" é mais recente encenação do ator e encenador Carlos Pimenta, que já este ano dirigiu "Morte de um caixeiro-viajante", de Arthur Miller, para a Companhia de Teatro de Almada.

A peça que Carlos Pimenta encena em Sintra tem tradução de Francisco Luís Parreira, com quem já trabalhara em 2014 em "À espera de Godot" -l outra das dramaturgias de Beckett escritas originalmente em francês -, representada nos teatros S. Luiz, em Lisboa, e S. João, no Porto.

A Casa de Teatro de Sintra funciona como sede da Companhia de Teatro de Sintra, que faz parte da Associação Cultural Chão de Oliva.

Fundado em 1987, o Chão de Oliva - Centro de Difusão Cultural é uma associação vocacionada para o teatro, ainda que promova iniciativas noutras áreas artísticas.

Em 1990, o Chão de Oliva fundou a Companhia de Teatro de Sintra, a primeira companhia profissional do concelho e atualmente a mais antiga. Em 2002, deu origem ao Fio d`Azeite, um grupo profissional de marionetas.

 

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