Folio reúne em Óbidos autores de vários países para refletir sobre "O Tempo e o Medo"

por Lusa

"O Tempo e o Medo" formam o mote para as 15 mesas de autores da quinta edição do Folio -- Festival Literário Internacional de Óbidos, que reunirá escritores de quase duas dezenas de países, nos dias 10 a 20 de outubro.

A programação do festival, divulgada hoje pela câmara de Óbidos, desenvolve-se nesta quinta edição em torno do tema "O Tempo e o Medo" para, segundo o presidente da autarquia, Humberto Marques, "promover a reflexão sobre grandes questões atuais como as migrações, os populismos, a consolidação ou queda das democracias, entre muitos outros temas".

Na edição "mais internacional de sempre", marcarão presença, de acordo com o autarca, "autores e pensadores de quase 20 países" que, ao longo de 11 dias, participarão nas 15 mesas de autores que vão decorrer de sexta a domingo, nos dois fins de semana entre 10 e 20 de outubro.

A programação do "Folio Autores", capítulo do festival que promove o encontro entre os escritores e os seus leitores, arrancará (no dia 11) com um debate sobre "O Medo do Futuro", que juntará o filósofo brasileiro Francisco Bosco e o analista em relações internacionais Bernardo Pires de Lima.

Com curadoria da jornalista Ana Sousa Dias, o "Folio Autores" contará ainda, nas 15 mesas do programa, com as participações de autores portugueses como Alexandre Andrade, Joana Bértholo, Dulce Maria Cardoso, Hélia Correia, José Gil, Lídia Jorge, Nuno Júdice, Rui Cardoso Martins, Ricardo Araújo Pereira, Rui Pedro Tendinha, Patrícia Reis e Valério Romão.

No campo internacional, destacam-se as presenças de Ralf Rothmann (Alemanha), José Eduardo Agualusa, Júlio Almeida e Ondjaki (Angola), Tati Bernardi, Geovani Martins e Paulo Werneck (Brasil), Christoffer Petersen (Dinamarca/Gronelândia), Marina Perezagua (Espanha), John Freeman, Donald Ray Pollock (EUA), Mathias Énard (França), Elena Varvello (Itália) e Arne Dahl (Suécia).

A proposta é, segundo a curadora, citada no cartaz divulgado hoje, lançar a reflexão "sobre os medos atávicos -- da morte, da escuridão, do desconhecido, da violência que pontua o dia-a-dia", assim como, por exemplo, sobre "os medos que nascem do racismo e da xenofobia, passando pelo medo das agressões no interior da família, das consequências das alterações climáticas", tema que fecha as mesas do Folio com dois cientistas portugueses à conversa: Alexandre Quintanilha e Pedro Matos Soares.

Também em torno dos livros e dos leitores o "Folio Mais" (área de programação autónoma e das iniciativas locais e dos parceiros do festival) surge este ano reforçada com propostas de editores, livreiros, fundações, institutos culturais, embaixadas e de outros festivais literários nacionais e internacionais.

O programa integra "um conjunto de cerca de cem iniciativas em que participam mais de 200 autores, moderadores, conferencistas, músicos, cineastas, performers", refere o curador, José Pinho, sublinhando que as atividades se desenvolvem "nos locais menos prováveis", como sejam as praças e ruas da Vila, as livrarias, os bares, as casas particulares, os hotéis e os espaços municipais.

O capítulo "Folio Mais" enquadra a realização de duas feiras do livro - a Feira do Livro Antigo de Consulta e Instrução e o Mercado de Fanzines - e a continuação do colóquio "Matemática e Literatura", em parceria com os Centros de Física e Matemática das Universidades de Coimbra, do Porto e de Lisboa, e o apoio da Fundação para a Ciência e Tecnologia.

`Performances` artísticas, sessões de leitura e de poesia, lançamentos de livros, conferências e debates, sessões de autógrafos, encontros com escritores, projeções de filmes, `masterclasses` e `workshops`, completam o programa nestes dois capítulos do festival.

Organizado em cinco capítulos ("Folia", "Folio Autores", "Folio Educa", "Folio Ilustra" e "Folio Paralelo"), o festival teve a sua primeira edição em 2015, num investimento de meio milhão de euros, comparticipados por fundos comunitários.

Palco de lançamentos de livros, debates, mesas redondas, entrevistas, sessões de autógrafos e conversas entre escritores e leitores o Folio passou no ano seguinte a ser suportado pela autarquia.

A edição do ano passado proporcionou 831 horas de programação envolvendo 554 participantes diretos, entre autores, pensadores, artistas e criativos, repartidos por 26 mesas de debate, 25 concertos e 13 exposições, ao longo de 11 dias com mais de 185 atividades.

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