Fundação EDP lamenta morte de "um dos grandes portugueses do nosso tempo"

por Lusa

A Fundação EDP lamentou hoje a morte de Eduardo Lourenço, considerando-o "um dos grandes portugueses do nosso tempo" e o leitor "mais constante, competente e sagaz" do mundo contemporâneo nas suas diferentes manifestações.

"Português, europeu e cidadão do mundo, pensou criticamente, com filosófico poder de análise e poético dom de síntese, os grandes temas da nossa história (e também os seus esconderijos e enganos) e os grandes tópicos da nossa cultura (e sobretudo os seus tótemes e tabus)", lê-se numa nota enviada à Lusa pela Fundação EDP.

Para a fundação, que é mecenas da inventariação e estudo do acervo Eduardo Lourenço, "nada do que de importante ou significativo aconteceu lhe passou ao lado e tudo foi atravessado pela sabedoria da sua palavra, pela lucidez da sua inteligência e pela vastidão da sua cultura".

Aquela entidade destaca a sua "atenção intensa" e "reflexão incansável" nos mais variados campos do saber, desde a filosofia, à história, política, jornalismo, literatura, arte, música ou o cinema e o seu "pensamento original e ativo" desde a juventude.

Eduardo Lourenço Faria, que morreu hoje aos 97 anos, nasceu em 23 de maio de 1923, em S. Pedro do Rio Seco, no concelho de Almeida, no distrito da Guarda.

Professor, filósofo, escritor, crítico literário, ensaísta, interventor cívico, conselheiro de Estado, várias vezes galardoado e distinguido, Eduardo Lourenço foi um dos pensadores mais proeminentes da cultura portuguesa.

"Com persistente atitude heterodoxa e vocação de `psicanalista do destino", de decifrador de imaginários e de desconstrutor de mitologias, fez autênticas revoluções -- que foram verdadeiras revelações -- na forma como nos víamos e como olhávamos figuras e obras, acontecimentos e temas, recalcamentos e medos", pode ler-se na nota.

Ao apoiar o tratamento do acervo de Eduardo Lourenço desde há uma década, a Fundação EDP afirmou "ter a consciência de que este é um dos seus mais valiosos e duradouros contributos para a cultura e para o futuro que a partir do presente se cria".

"No centro do silêncio que toda a morte convoca, a obra de Eduardo Lourenço continuará a falar-nos com perguntas e respostas, com evocações e juízos, com restituições e renovações. Eis a sua eternidade, aquela que perscrutou, como se não lhe tivesse sido dada outra missão na vida senão essa", conclui.

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