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Geométrico e orgânico cruzam-se na exposição antológica de Rui Sanches

por Lusa

O geométrico e o orgânico cruzam-se ao longo da obra em desenho e escultura exposta numa antológica de Rui Sanches, que é inaugurada na quarta-feira, no Museu Coleção Berardo, em Lisboa, como um "espelho" de 40 anos de carreira.

A exposição, que teve hoje uma visita guiada para jornalistas, centra-se no desenho, mas é pontuada por algumas esculturas, e faz parte de um projeto que também tem contraparte de escultura no Torreão Nascente da Cordoaria Nacional.

Sob o título "Espelho", em ambos os espaços expositivos, nesta mostra do Museu Berardo estão patentes algumas séries recentes e várias inéditas que cruzam suportes, meios e técnicas como o desenho, fotografia e escultura de parede, em diversos materiais.

A curadora, Sara Antónia Matos, sublinhou que "tanto o geométrico como o orgânico se cruzam ao longo das séries", que envolvem sobretudo desenho e fotografia, mas também esbocetos de barro, e esculturas de parede em diversos materiais.

A ordem cronológica não teve grande peso na disposição das peças, mas as datas percorrem um tempo que vai desde 1982/1983, como "Mapa", passando pelos anos 1990, em obras como "Dúvida de Sombra", ou a série sobre mártires, em peças como "Santa Luzia", Santa Ágata" e "São João Batista", e "Reflexo na Água", de 2014.

Rui Sanches, mais conhecido pela obra em escultura, reuniu no Museu Berardo várias peças em desenho que estão espalhadas por coleções particulares, e revisita várias décadas de trabalho nesta exposição que ficará patente até 12 de janeiro de 2020.

Questionado pela agência Lusa sobre como foi rever peças das décadas de 1980 e 1990, algumas já esquecidas, disse que nota "alguma continuidade".

"Felizmente não há nada que me envergonha", disse, sorrindo.

O título da exposição remete para a ideia de reflexo e de dupla face, que surge numa realidade captada primeiro em fotografia, e, sobre essa, um trabalho em desenho: "O trabalho em desenho é uma seleção com base no que a fotografia apresenta", explicou.

Entre o desenho e a escultura disse não ter preferência, e qual lhe dá maior prazer depende do momento e do trabalho em si, ou do tema, que nesta exposição aparece no mar, no atelier, numa antiga casa de família, ou nas figuras de santos.

Os trabalhos em fotografia e desenho são pontuados por algumas esculturas presas na parede, que usam materiais como a madeira, o metal e a escultura.

Quanto ao percurso escultórico do artista plástico, que estará patente até 24 de novembro, na Galeria do Torreão Nascente da Cordoaria Nacional, tem curadoria de Delfim Sardo.

Rui Sanches nasceu em Lisboa, em 1954, e teve formação artística no Ar.Co - Centro de Arte e Comunicação Visual e, posteriormente, no Golsmiths` College de Londres (1977-1980) e na Universidade de Yale (1980-1982), começando a expor individualmente em 1984.

A sua obra tem vindo a ser exposta em várias instituições e encontra-se representado em diversas coleções públicas e privadas, como a Fundação Calouste Gulkbenkian, em Lisboa, a Fundação de Serralves, no Porto, o Museum Van Hedendaagse Kunst, Antuérpia (Bélgica), o Museu Extremeño e Iberoamericano de Arte Contemporânea, em Badajoz (Espanha), e o Museu de Arte Contemporânea do Funchal -- Forte de São Tiago.

O Museu Berardo inaugura também, na quarta-feira, às 19:00, a exposição "Constelações II: uma coreografia de gestos mínimos", com curadoria de Ana Rito & Hugo Barata, que dá continuidade ao projeto inaugurado em abril deste ano, apresentando uma nova montagem e novos artistas convidados.

O objetivo deste projeto é "assumir a Coleção Berardo como um território horizontal de investigação no qual surgem cortes verticais, incisões na sua estabilização permanente".

Neste âmbito, vários artistas nacionais e internacionais serão postos em confronto com obras seminais da coleção, segundo a diretora, Rita Lougares, que salientou a importância de mudar pontualmente algumas peças na exposição permanente.

Adotando uma postura anacrónica que mergulha nos diferentes núcleos da exposição, abre-se caminho para um desenho do fluxo entre a História e a sua própria investigação, que visa inquirir conexões intrínsecas entre as vanguardas do século XX e a criação atual.

A seleção inclui obras de Nuno Sousa Vieira, Fernanda Gomes, Kazimir Malevich, Os Espacialistas, Félix González-Torres, Fernando Calhau, Giulio Paolini, Jemima Stehli, Ignasi Aballí, Ana Hatherly, Susana Mendes Silva, José Maçãs de Carvalho, Jack Pierson, Glenn Ligon, Mark Rothko, Angel Vergara, Sarah Lucas, Gina Pane, Ernesto de Sousa, João Tabarra, Rui Chafes, Douglas Gordon, Maya Deren e Diogo Pimentão.

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