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Iniciativa Capital Portuguesa da Cultura reencontra ideia lançada há mais de 20 anos

por Lusa

A iniciativa Capital Portuguesa da Cultura, anunciada hoje pelo Governo para se iniciar em 2024, recupera um projeto semelhante, com mais de duas décadas, mas que teve curta duração e apenas duas cidades envolvidas: Coimbra e Faro.

O ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, anunciou hoje que Portugal passará a ter, a partir de 2024, anualmente, uma Capital Portuguesa da Cultura, cujas três primeiras cidades já estão escolhidas - Aveiro, Braga e Ponta Delgada.

Estas três cidades são as que ficaram excluídas no processo de candidatura a Capital Europeia da Cultura 2027 e que deu a vitória a Évora.

Na conferência de imprensa do anúncio da cidade vencedora de 2027, hoje em Lisboa, Pedro Adão e Silva disse que a criação da Capital Portuguesa da Cultura é uma resposta a um apelo feito pelos autarcas das cidades finalistas, num "reconhecimento merecido do trabalho feito, mas também uma aposta no futuro".

Na verdade, esta iniciativa da Capital Portuguesa da Cultura teve uma existência semelhante há mais de vinte anos, quando em 2001 - o ano em que Porto era Capital Europeia de Cultura -, o então ministro da Cultura, José Sasportes, - do governo socialista de António Guterres - anunciou a criação da Capital Nacional da Cultura.

O objetivo era "dar às cidades essa injeção e concentração de atividades que as [pusesse] à prova, revelando necessidades e deficiências, mas tornando impossível que a cultura [estivesse] ausente", como disse Sasportes, quando revelou que a primeira cidade seria Coimbra.

O processo de concretização em Coimbra sofreu com atrasos na organização, polémicas internas no projeto e na construção de obras estruturantes, teve problemas no financiamento e foi alvo de disputa política, tendo só acontecido em 2003.

Depois de Coimbra, e depois de sucessivas promessas políticas, Faro foi Capital Nacional da Cultura em 2005.

A promessa de que Faro poderia ser Capital Nacional da Cultura foi feita pela primeira vez em 2001, quando o então primeiro-ministro António Guterres anunciou que o evento se realizaria em 2004.

Em maio de 2004, já o primeiro-ministro era Durão Barroso, foi anunciado o adiamento do evento em Faro para 2005.

Quando Faro foi oficialmente Capital Nacional da Cultura e arrancou a programação, já o governo era liderado por José Sócrates (PS), com Isabel Pires de Lima enquanto ministra da Cultura.

E foi Isabel Pires de Lima que anunciou no verão de 2005, enquanto ministra da Cultura, que não voltaria a haver Capital Nacional da Cultura, porque queria "avaliar o modelo" da iniciativa.

"Só depois de feita essa avaliação, com uma amostra das duas Capitais Nacionais da Cultura - Coimbra e Faro -, é que tomarei decisões e avançaremos, ou não, para outro modelo", disse na altura publicamente.

Isabel Pires de Lima anunciou esta suspensão do projeto em Évora, porque a cidade alentejana chegou a constar de promessas políticas de Capital Nacional da Cultura desde 2001 e nunca chegou a ser concretizada.

Évora será em 2027 a Capital Europeia da Cultura, juntamente com Liepaja, na Letónia.

É a quarta vez que Portugal acolhe a iniciativa Capital Europeia da Cultura, depois de Lisboa (1994), Porto (2001) e Guimarães (2012).

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